ATA DA REUNIÃO DE INSTALAÇÃO DA SEGUNDA COMISSÃO
REPRESENTATIVA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 04-01-2006.
Aos quatro dias do mês de janeiro de dois mil e
seis, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Comissão
Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e trinta
minutos, foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell,
Bernardino Vendruscolo, Carlos Todeschini, Dr. Goulart, Elias Vidal, Ervino
Besson, José Ismael Heinen, Margarete Moraes e Raul Carrion, Titulares.
Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os
trabalhos. Ainda, durante a Reunião, compareceram os Vereadores João Antonio
Dib e Márcio Bins Ely, Titulares, e o Vereador Professor Garcia, Não-Titular. À
MESA, foram encaminhados: pela Comissão de Educação, Cultura e Esportes, os
Pedidos de Providência nos 2905 e 2967/05 (Processos nos
7119 e 7260/05, respectivamente), o Pedido de Informação nº 330/05 (Processo nº
7253/05) e a Indicação nº 081/05 (Processo nº 6716/05); pelo Vereador Adeli
Sell, os Pedidos de Providência nos 2983/05 e 001/06 (Processos nos
7329/05 e 0012/06, respectivamente) e os Pedidos de Informação nos
335/05, 001 e 002/06 (Processos nos 7327/05, 0093 e 0094/06,
respectivamente); pelo Vereador Alceu Brasinha, o Pedido de Providência nº
2969/05 (Processo nº 7262/05); pelo Vereador Claudio Sebenelo, os Pedidos de
Providência nos 2940 e 2965/05 (Processos nos 7171 e
7247/05, respectivamente); pelo Vereador Elói Guimarães, o Pedido de Providência
nº 2977/05 (Processo nº 7288/05); pelo Vereador João Carlos Nedel, os Pedidos
de Providência nos 2974 e 2978/05 (Processos nos 7285 e
7289/05, respectivamente) e o Pedido de Informação nº 334/05 (Processo nº
7304/05); pela Vereadora Maria Celeste, o Pedido de Providência nº 2963/05
(Processo nº 7241/05); pela Vereadora Manuela d'Ávila, os Pedidos de
Providência nos 2949 e 2950/05 (Processos nos 7200 e
7201/05, respectivamente) e os Pedidos de Informação nos 326 e
327/05 (Processos nos 7203 e 7204/05, respectivamente); pelo
Vereador Professor Garcia, os Pedidos de Providência nos 2944, 2945,
2946, 2947, 2948, 2979 e 2980/05 (Processos nos 7194, 7196, 7197,
7198, 7199, 7290 e 7291/05, respectivamente). Também, foi apregoado o Ofício nº
478/05, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando Veto Total ao Projeto de Lei Complementar
do Legislativo nº 024/05 (Processo nº 3527/05). Do EXPEDIENTE,
constaram: Ofícios nos 034/05, do Vereador Aldacir Oliboni,
Presidente da Comissão Especial de Políticas Públicas para as Pessoas Portadoras
de Deficiências; 10655280 e 10657094/05, do Fundo Nacional de Saúde do
Ministério da Saúde; Comunicado nº 210820/05, do Senhor José Henrique Paim
Fernandes, Presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE.
A seguir, o Senhor Presidente determinou a distribuição em avulsos de cópias
das Atas da Décima Quinta e Décima Sexta Reuniões Ordinárias, que, juntamente
com as Atas da Décima Terceira e Décima Quarta Reuniões Ordinárias, deixaram de
ser votadas, em face da inexistência de quórum deliberativo. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador
Adeli Sell pronunciou-se a respeito dos problemas de segurança pública no Rio
Grande do Sul e em Porto Alegre, comentando casos de violência ocorridos na
Cidade e cobrando maior participação dos agentes públicos no combate à
criminalidade. Nesse contexto, teceu considerações a respeito da venda de drogas
em praças e parques de Porto Alegre e criticou as condições de trabalhos das
delegacias de polícia do Município. Em continuidade, o Senhor Presidente informou
que manteria o tempo de dez minutos para os pronunciamentos no período de Comunicações,
de acordo com consenso realizado entre as Bancadas durante a Primeira Comissão
Representativa, e que esse tempo poderia ser reduzido para cinco minutos, caso
houvesse deliberação do Plenário nesse sentido. Na oportunidade, por solicitação
do Vereador João Antonio Dib, foi realizado um minuto de silêncio em homenagem
póstuma ao Engenheiro Alcindo Guanabara Porto Alegre. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador
Bernardino Vendruscolo discursou sobre a segurança pública, afirmando que o
aumento da criminalidade e da violência não está restrito à Cidade ou ao
Estado, mas trata-se de uma questão de amplitude nacional. Ainda, analisou os
alagamentos que acontecem em Porto Alegre por ocasião das chuvas intensas,
justificando que esse problema não é recente e se deve, principalmente, à falta
de escoamento adequado para as águas pluviais. Após, o Vereador João Antonio
Dib formulou Requerimento verbal, solicitando a redução do tempo destinado à
manifestação dos Senhores Vereadores, no período de Comunicações, de dez para
cinco minutos, tendo o Vereador Raul Carrion manifestado-se a respeito e o
Senhor Presidente informado que esse Requerimento seria apreciado posteriormente.
Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Carlos Todeschini debateu os problemas relativos à
segurança pública municipal. Ainda, abordou os alagamentos ocorridos anteontem
na Cidade, alegando que a manutenção dos sistemas de drenagem não tem sido
feita de maneira eficaz e citando que recursos destinados ao Departamento de
Esgotos Pluviais estão sendo usados de maneira inadequada. Finalizando,
referiu-se a possíveis irregularidades financeiras no Departamento Municipal de
Limpeza Urbana. Em prosseguimento, constatada a existência de quórum
deliberativo, foi aprovado Requerimento verbal de autoria do Vereador João
Antonio Dib, solicitando a redução o tempo destinado aos pronunciamentos no
período de Comunicações, de dez para cinco minutos, a partir da próxima Reunião
da Comissão Representativa, tendo o Vereador Raul Carrion manifestado-se a
respeito. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Elias Vidal parabenizou o Vereador Dr.
Goulart por ter sido eleito Presidente deste Legislativo, elogiando seu
discurso de posse e alegando que a humildade é uma virtude presente na
personalidade de Sua Excelência. Também, referiu-se ao crescimento da violência
na sociedade atual, propugnando por discussões mais aprofundadas por parte dos
parlamentos brasileiros, a fim de que seja revista a legislação existente e se
diminua a insegurança no Brasil. O Vereador Ervino Besson saudou o novo
Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, discorrendo a respeito do
trabalho comunitário desempenhado pelo Vereador Dr. Goulart. Também, contraditou
pronunciamentos de Vereadores de oposição ao Governo Municipal, a respeito das
políticas de segurança pública, ressaltando que, na opinião de Sua Excelência,
as ações nessa área, implementadas pelas gestões do Partido dos Trabalhadores
na Cidade, não foram eficazes. O Vereador João Antonio Dib manifestou-se
criticamente quanto à auto-convocação do Congresso Nacional durante o recesso
de verão, com o recebimento de salários extras por parte dos Deputados e
Senadores. Nesse sentido, alegou que existem mais parlamentares nas Casas
Legislativas brasileiras do que o necessário e que os custos decorrentes desse
excesso seriam melhor aproveitados se distribuídos aos Municípios, criando-se,
assim, mais obras e empregos em benefício da população. O Vereador José Ismael
Heinen avaliou os custos para o País, decorrentes da convocação extraordinária
do Congresso Nacional, lembrando que na Câmara Municipal de Porto Alegre não se
recebe pagamento adicional para convocações extraordinárias. Ainda, protestou
contra a manutenção da tabela do Imposto de Renda em vinte e sete e meio por
cento; questionou os lucros da Petrobrás em comparação com a alta dos
combustíveis e debateu a falta de segurança pública em nível nacional. O
Vereador Márcio Bins Ely fez um balanço de sua atuação nesta Casa durante o ano
de dois mil e cinco, considerando esse período muito produtivo e agradecendo a
Bancada do PDT pelo apoio recebido em seu primeiro mandato como Vereador. Sobre
o tema, salientou a importância de sua assessoria e dos funcionários da Casa
para o bom desenvolvimento dos trabalhos que realizou no ano passado e
mencionou ações implementadas por Sua Excelência em prol da juventude, da Cidade
e do Governo Municipal. A Vereadora Margarete Moraes examinou problemas decorrentes
da realização de festa de fim de ano na Usina do Gasômetro e discutiu os
estragos provocados pelas chuvas do último dia dois de janeiro, criticando a incoerência
nas justificativas dadas para esses alagamentos. Ainda, solicitou do Secretário
Cézar Busatto explicações sobre a política de governança local e, finalizando,
propugnou por limpeza da área no entorno do “Monumento aos Desaparecidos”, situado
no Parque Marinha do Brasil. O Vereador Raul Carrion contestou o que considera
uma “visão pessimista” dos opositores ao Governo Federal, exaltando os rumos
dados ao País após a posse do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesse aspecto,
mencionou como alguns dos fatores positivos do desenvolvimento brasileiro o
superávit na balança comercial, a abertura de novos mercados internacionais, a afirmação
da soberania nacional, a redução dos juros internos e a importância do País na
América Latina e no Mercosul. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Raul Carrion
fez uma retrospectiva de sua gestão como Presidente da Comissão de Urbanismo,
Transportes e Habitação, discorrendo sobre os encaminhamentos favoráveis dados
aos problemas ali apresentados, especialmente no tocante à questão habitacional.
Sobre o tema, considerou o ano de dois mil e cinco bastante profícuo, afirmando
que continuará trabalhando em favor dos menos favorecidos pela distribuição de
terras. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Professor Garcia elogiou a decisão do
Prefeito Municipal de destinar espaço nos corredores de ônibus da III Perimetral
para a prática de lazer da população, afirmando que solicitará a retirada de
tramitação do Projeto de Lei do Legislativo nº 200/02, de sua autoria, que
trata do assunto. Ainda, considerou injustificável a possibilidade de novo
aumento no preço dos combustíveis e criticou a demora na operação
“tapa-buracos” nas rodovias federais. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Adeli
Sell anunciou seu apoio à nota publicada nos jornais de hoje pelo Sindicato dos
Bancários de Porto Alegre e pela Federação e Sindicatos dos Bancários do Rio
Grande do Sul, de denúncia de recebimento de premiação por parte de pequeno
grupo de funcionários do Banrisul. Também, comentou os alagamentos no
Município, a retirada de ambulantes do Centro e a falta de limpeza de ruas e
praças, especialmente no Bairro IAPI. O Vereador João Antonio Dib,
posicionando-se criticamente acerca do discurso realizado pelo Vereador Adeli
Sell, em Comunicação de Líder, no que diz respeito, particularmente, às
políticas públicas adotadas pelo atual Governo Municipal, justificou que as condições
em que se encontrava a Cidade, durante os anos em que o Partido dos
Trabalhadores esteve à frente do Executivo de Porto Alegre, eram muito piores
do que as verificadas hoje em dia. Às doze horas e nove minutos, constatada a
inexistência de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos,
convocando os Senhores Vereadores Titulares para a Reunião Ordinária de amanhã,
à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Dr. Goulart e
secretariados pela Vereadora Margarete Moraes e pelo Vereador Bernardino
Vendruscolo, como Secretários “ad hoc”. Do que eu, Margarete Moraes, Secretária
“ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída em
avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Passamos
às
O
Ver. Adeli Sell está com a palavra em Comunicações.
O
SR. ADELI SELL: Bom-dia,
Presidente Dr. Goulart, quero saudá-lo na presidência desta Casa e desejar-lhe
uma profícua gestão, como já brinquei com Vossa Excelência, já mandei um e-mail
para V. Exª fazendo algumas sugestões de trabalho nesta Casa.
Colegas
Vereadores, Vereadoras, cidadãos, cidadãs, nós estamos vivendo, Verª Margarete
Moraes, uma situação por demais conturbada na Segurança Pública do nosso Estado
e da nossa Cidade. Eu não vou politizar a questão da Segurança Pública como
fizeram outros Parlamentares, outras personalidades da Cidade e do Estado
quando da gestão do Governador Olívio Dutra no Rio Grande do Sul. Até porque eu
discordava muitas vezes de alguns procedimentos do meu querido Secretário
Bisol, não tanto pela sua política, mas por alguns gestos que, na minha
opinião, contradiziam um pouco a tradição de quem tem a incumbência de gerir a
Segurança Pública. Pois é preciso ter muitos cuidados, para quem é o gestor
público na área de Segurança Pública para não haver confusão. Isso não quer
dizer que a gente vá rebaixar a nossa posição em relação ao pensamento comum,
muitas vezes atrasado, retrógrado, que existe na sociedade.
Nos
últimos dias em Porto Alegre, o que nós vivenciamos? Tiroteio para todos os
lados. Segunda-feira, à noite, vinte cidadãos, trabalhadores desta Cidade,
ficaram reféns dentro de um ônibus da CARRIS naquela famigerada região do Beco
do Salso, onde sistematicamente os ônibus da CARRIS são invadidos e as pessoas
roubadas. E eu quero lembrar que houve a morte de uma policial militar dentro
de um ônibus dessa linha, Ver. Carlos Todeschini. Na Cidade Baixa, na frente de
uma casa tradicional popular do samba da Cidade, na Rua José do Patrocínio, de
madrugada, sujeitos saíram, voltaram e começaram a atirar contra as pessoas,
indistintamente, e mataram um segurança da casa, ferindo mais cinco pessoas. No
dia do desfile da Banda da Saldanha, tradicional Banda da Cidade - Verª
Margarete, que já foi Secretária e apoiou o carnaval e as atividades culturais
da nossa Cidade -, houve uma confusão generalizada na esquina da Av. Ipiranga
com a Av. Érico Veríssimo, um tumulto generalizado!
Eu
poderia aqui continuar fazendo um rol de eventos de insegurança brutal na nossa
Cidade. O problema é que os entes públicos não conversam entre si. Eu tenho
dialogado muito com o Secretário Kevin Krieger, que por sinal é um Secretário
atento, educado e que atende aos Vereadores, diferentemente de alguns outros.
Faz-se justiça ao Secretário Kevin Krieger. Ele tem dificuldades de fazer uma
parceria com a Secretaria de Segurança Pública, que é do seu próprio Partido.
São
coisas inacreditáveis que aconteçam: as Praças de Porto Alegre estão-se tornando
os maiores pontos de venda de drogas. Na Praça Garibaldi, pode a Prefeitura
mudar as luminárias hoje de manhã, e, amanhã de manhã, todas estarão quebradas,
quebradas porque ali na frente do Ginásio Tesourinha há aquela Praça, um dos
maiores pontos de venda de drogas do Estado. Será que só sou eu vejo isso? Será
que apenas eu tenho essa informação? Ninguém da Segurança Pública tem essa
informação? Eu passo por ali todos os dias e vejo as pessoas fazendo ponto de
venda de drogas. Será que só eu, quando passo na Av. João Goulart - é a
continuidade da Av. Mauá, e, a partir da Usina do Gasômetro, ela passa a se
chamar Av. Loureiro da Silva, e muitos não
sabem -, vejo isso? Aqui na
Praça Brigadeiro Sampaio, a partir das cinco horas da tarde, o que Vossas Excelências
e os cidadãos de Porto Alegre quiserem, ali encontram. Maconha? Ali tem.
Cocaína? Crack? Loló? Tudo isso tem
ali. Tudo que os senhores quiserem a céu aberto, e vai madrugada dentro. Ao
lado da capatazia do DMLU - estou dando o endereço. Eu vou tirar cópia dessas
notas taquigráficas e mandar para o Secretário de Segurança Pública; mandaria
também para o Subsecretário, que agora não sei quem é, porque o Dr. Medina
saiu, e ele era uma pessoa com a qual eu tinha algum nível de interlocução.
O
Sr. Carlos Todeschini: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Obrigado, Ver. Adeli Sell, eu
o cumprimento pelo pronunciamento. Eu soube, ontem à noite - não pelos jornais,
porque a imprensa não tem dado a atenção devida a tais fatos -, que no
Réveillon, também, na Usina, não foi menos traumático do que V. Exª está
relatando. Começou com agressão à Brigada Militar, continuou com
empurra-empurra e terminou com um arrastão generalizado. Então o Governo tem
responsabilidade, tanto o Governo do Estado como o Governo do Município, porque
foram pessoas ligadas ao Governo que incentivaram, que iniciaram o tumulto,
expondo uma quantidade enorme de pessoas ao risco.
O
mais incrível é que, quando se quer discutir, de forma séria, as questões da
Segurança, como tínhamos no projeto, não se tem aqui o quórum, nem a atenção,
nem os cuidados por parte do Governo. Está implicado o Governo Municipal
diretamente nos episódios omitidos pela imprensa agora no Réveillon, e
fiquei sabendo, através de agentes ontem à noite, fatos que foram muito, muito
graves, porque expuseram uma quantidade enorme de pessoas ao risco de morte, ao
risco de toda ordem.
O
SR. ADELI SELL: Vereador,
se Vossas Excelências forem às delegacias de Polícia do nosso Estado, da
Capital, saberão o que é “O Inferno de Dante”. É insustentável. Eu estive em
uma ontem. Numa delegacia importante, e lá vi dois funcionários trabalhando num
cubículo, numa temperatura que ontem beirava os 39°, para não dizer que chegou
aos 40°, afora as outras condições que eu vi nessa delegacia. Uma delegacia
importantíssima que tem prestado relevantíssimos trabalhos à Segurança Pública
do Estado. E, na Segurança, nós temos profissionais altamente capacitados. Verª
Margarete, eu posso citar três Delegadas de Polícia: Delegada Sônia, Delegada
Fabiane, Delegada Anita. Só para dar três exemplos das mais desconhecidas.
Nós
temos Delegados, como, agora, no DEIC, que estão fazendo um trabalho de
primeiríssimo mundo no combate ao roubo de carros, no combate aos desmanches,
aos ferros-velhos e às falcatruas. É coragem e determinação. Eu tenho
informações fidedignas aqui no meu Gabinete, porque solicitei uma Comissão
Especial para tratar da questão do desmanche em Porto Alegre. E nós vamos às
últimas conseqüências, porque nem todo o mundo na Polícia trabalha como nos
últimos dias está sendo trabalhada essa questão.
Por
que passamos tanto tempo sem ações nessa área? As ações começaram depois do
nosso pedido de Comissão, quando fomos a público e discutimos, inclusive, com
alguns jornalistas de Porto Alegre, que furaram o bloqueio e começaram a falar
que é intolerável, num dia, ter 53 roubos de carros em Porto Alegre. Agora, o
pavor já tomou conta deles. Estão jogando peças de carro em tudo que é buraco e
esquina de Porto Alegre. Pois nós vamos acabar com o roubo de carros em Porto
Alegre. A Cidade vai-se levantar! Nós, nesta Câmara, neste ano, Ver. Ervino
Besson e Ver. Ismael, queremos fazer desta Comissão uma das pontas de lança
para sustentar aquilo que é bom, aquilo que é correto.
E
eu falei de Segurança Pública aqui, de vários problemas, e as coisas podem
funcionar, como estão funcionando no DEIC, com a Delegacia de Furto e Roubo de
Veículos, cujo titular botou a cara para bater, foi para a rua, puxou, na
verdade, a fiscalização e as ações de investigação. É assim que se age. Nós
precisamos ter homens públicos, gestores públicos que vão para as ruas, que
tomem a frente e que não tenham medo de qualquer circunstância de críticas ou
de cobranças que possa haver. Por isso a Segurança no Estado tem problemas, mas
há gente na Segurança Pública que está fazendo aquilo que alguns gestores não
conseguem fazer. Deveriam sair, dar lugar a outros mais competentes, mais
corajosos, gente com atitude. É preciso ter atitude na Segurança Pública deste
Estado e desta Cidade, pois, assim, vamos-nos livrar das falcatruas, do medo e
da insegurança. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Muito obrigado, Ver. Adeli.
Resta
uma explicação para os Srs. Vereadores. Regimentalmente, o tempo de fala nas
Sessões do recesso é de dez minutos. No ano passado, houve um acordo para que o
tempo passasse a ser de cinco minutos. Vou esperar que haja o número certo de
Vereadores, no decorrer da Sessão, para votarmos se vamos continuar com os dez
minutos regulamentares, ou se reacordamos os cinco minutos. Enquanto isso,
estão valendo os dez minutos. Os cinco minutos valerão a partir da próxima
Sessão, se houver um entendimento com os Vereadores.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB (Requerimento):
Sr. Presidente, solicito um minuto de silêncio pelo falecimento do Dr. Alcindo
Guanabara Porto Alegre, engenheiro, que foi o primeiro Secretário Municipal de
Obras e Viação aqui da nossa Capital e uma das pessoas mais importantes na
história do urbanismo de nossa Cidade, porque, antes de existir Plano Diretor,
ele já cuidava do crescimento da Cidade tendo em vista o Plano Diretor que
aconteceria.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Deferimos o pedido.
(Faz-se
um minuto de silêncio.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a
palavra em Comunicações.
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Sr. Presidente Dr. Goulart, é uma honra,
depois da posse, vir a esta tribuna pela primeira vez e saudá-lo como
Presidente. Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, evidentemente, nós,
na pretensão de representarmos aqui a Bancada do PMDB como Líder, vamos
procurar não pautar nosso trabalho, nossos discursos, Ver. Carlos Todeschini e
Ver. Adeli Sell, somente na defesa. Até pelo nosso comportamento no dia-a-dia, temos
demonstrado que, quando um representante da sociedade, um homem público, tanto
do Legislativo quanto do Executivo, merecer crítica, nós vamos criticar e, se
tiver de elogiar, nós vamos elogiar.
De início, já notei o
discurso de V. Exª, dando a impressão para alguém que estivesse visitando Porto
Alegre, neste momento, que os assaltos, as coisas negativas desta Cidade
passaram a acontecer no momento em que o Governo do Estado assumiu a função de
governar o Estado e no momento em que o Governo do Município assumiu a função
de governar o Município, como se anteriormente a esses períodos não houvesse
acontecido nada aqui na Capital.
Eu
lamento isso, porque os assaltos, a criminalidade vêm crescendo de um modo
geral não só aqui na Capital, não só aqui no Estado, mas também em todo o País.
E nós não podemos, de repente, passar a fazer críticas ao Governo Lula,
tentando fingir que anteriormente não tínhamos acontecimentos iguais a este no
País. Não, nós também tínhamos assaltos, nós também tínhamos contrabando, todo
o tipo de falcatruas e coisas ruins também na época do Governo anterior. Eu não
vou dizer que nós estamos aqui vivendo as mil maravilhas tanto no Município
quando no Estado, porque não é verdade! Realmente, nós enfrentamos um aumento
na criminalidade em todo o País.
Só
para dar uma resposta a V. Exas, quero lhes dizer que, por mais que
nós estejamos enfrentando dificuldades, até o presente momento, não se viu
nenhum Secretário da Segurança sair abraçado com um bandido, nenhum comandante
botar o chapéu de entidade clandestina. Mas, com isso, não quero deixar de
reconhecer que nós enfrentamos problemas, sim, de segurança na Cidade de Porto
Alegre, nos Municípios do interior do Estado, em todo o Estado. Lamentamos as
dificuldades que a Brigada Militar tem, que o Governo do Estado tem e que
muitos têm registrado aqui desta tribuna, quando fazem defesas, lembrando que o
efetivo da Brigada hoje tem o mesmo número que tinha há vinte ou trinta anos.
Então, realmente há de se admitir que há uma dificuldade muito grande de se
fazer segurança em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul.
Quando
iniciei a minha fala aqui, eu disse que, quando o administrador público merecer
elogios, nós vamos elogiar e, quando merecer críticas, nós vamos criticar. Eu
sou um Vereador, Ver. João Antonio Dib, que tenho andado muito descontente. Eu
não consigo entender o nosso representante maior da EPTC, o Dr. Senna, que,
além de não atender aos nossos pedidos de extrema necessidade, sequer responde,
e é o representante do Governo, do qual fazemos parte da base. Então, fica esse
registro.
Outro
dia, Ver. Todeschini, V. Exª aproveitou e fez uma crítica ao DEP, como se o
entupimento causado pela chuva que ocorreu na Capital durante duas horas fosse
única e exclusivamente culpa do DEP. Até pode haver locais onde há necessidade
de refazer algumas coisas, mas simplesmente veio à tribuna fazer uma crítica
contundente ao DEP como se essas bocas-de-lobo que estão aí construídas e
instaladas nas avenidas fossem obras deste Governo. Basta olharmos a quantidade
de asfalto que temos nesta Cidade e a quantidade de locais para filtrar a água
da chuva que vamos chegar a uma conclusão, por mais leigos que possamos ser na
matéria, no assunto, que realmente é impossível haver escoamento. Pela
quantidade, pela intensidade da chuva naquele dia, duas horas de muita chuva,
realmente vai haver alagamento, e sempre houve alagamentos em Porto Alegre.
Então,
também queremos fazer aqui uma defesa ao DEP. É impossível ser de outra forma
com a cidade Porto Alegre asfaltada como está, e eu não sou contra asfalto,
agora já disse em outra oportunidade que nós deveríamos adotar um calçamento
regular que tenha condições de filtrar essa água e não só aumentarmos cada vez
mais o asfalto nesta Cidade, porque daqui a pouco, realmente, nós não vamos ter
boca-de-lobo, enfim, sistema de escoamento com condições de absorver a água da
chuva, quando chover da forma como aconteceu. Nós sabemos que há outro sistema
que pode substituir o próprio asfalto, que é o calçamento regular. Sr. Presidente, muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart):
Muito obrigado, Ver. Vendruscolo.
O
Ver. Carlos Todeschini está com a palavra em Comunicações.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB (Requerimento): Eu
peço desculpas ao Ver. Todeschini, que já está na tribuna. Nós havíamos feito,
no ano passado, um Requerimento no sentido de que o tempo de Comunicações para
cada Vereador fosse de cinco minutos, o que daria oportunidade aos Vereadores
que são Suplentes da Sessão Representativa de fazerem os seus pronunciamentos.
Eu
quero fazer este Requerimento neste momento, para que o tempo de cada Vereador
em Comunicações seja de cinco minutos. Evidentemente, os dez minutos do Ver.
Todeschini estão assegurados. Acho que seria interessante.
O
SR. RAUL CARRION: Eu
gostaria de complementar o Requerimento do Ver. Dib para que façamos isso a
partir da próxima Sessão. No início, eu levantei a questão, mas, já que
diversos Vereadores estão usando os dez minutos, eu gostaria de usar os meus
dez minutos no dia de hoje. Então creio que, a partir da próxima Sessão, que
será no dia de amanhã, poderemos fazer em cinco minutos.
O
SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Nós
apreciaremos o Requerimento do Ver. Dib logo depois da fala do Ver. Todeschini.
O
SR. CARLOS TODESCHINI:
Obrigado, Sr. Presidente. Eu o cumprimento também pela primeira Sessão depois
da posse, aliás, brilhante posse. Eu quero reforçar o seu espírito de palavra,
de honra, de poder, de ter liderado até agora e liderar de forma exemplar,
também, no próximo ano. São os votos que eu faço, e podem contar com a nossa
colaboração para o bom andamento e uma gestão democrática e de esquerda para
esta Câmara. Eu sei que V. Exª tem essa qualidade e essas virtudes.
O
SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Muito
obrigado.
O
SR. CARLOS TODESCHINI: Cumprimento
também os demais Vereadores, Vereadoras, minha Bancada em especial, da Frente
Popular, o público presente e a assistência do Canal 16.
Eu
estou preparado para falar sobre um tema, mas não vou deixar de comentar os
assuntos aqui agendados pelo Ver. Adeli Sell, fundamentalmente sobre a questão
da Segurança, e, depois, foi discutido aqui pelo Ver. Bernardino Vendruscolo
também assunto relativo aos alagamentos da Cidade.
Nós
tivemos, há poucos dias, uma divulgação de desempenho tanto do Governo Estadual
como do Governo Municipal, na qual a Segurança Pública recebeu a pior nota de
todas. E é verdade, Ver. Bernardino Vendruscolo, que a Segurança é um desafio,
é o maior problema, é a maior aflição, é a maior ansiedade. Agora, quando se
tomam medidas e atitudes que aumentam o desgoverno, a insegurança só pode
aumentar também. Esse é o problema que está colocado, e é isso que cabe a nós
discutirmos. E nós temos certeza de que as atitudes tomadas pelo Sr. Governador
e as atitudes tomadas no âmbito do Município, também, em nada contribuíram para
aumentar a governabilidade e a Segurança Pública, ao contrário. É verdade que
esse problema não é de um Governo, mas a insegurança aumentou, a violência
aumentou, e os problemas são maiores.
Não
é por acaso que nós tínhamos aqui um Projeto que previa as Ações Integradas de
Segurança, que não foi votado, ficou como último Projeto em Pauta a ser votado.
Mas não há interesse do Governo Municipal em dar um passo adiante, pelo menos.
Ninguém pretende aqui resolver os problemas da Segurança, mas criar as
condições, pelo menos, para que a violência diminua, para que a insegurança
diminua.
Então, quero fazer esse registro de que tem, sim, piorado,
e muito, esses problemas. E quero dizer que sair abraçado com um
delinqüente, como saiu o Secretário Bisol, sem nenhum tiro disparado, sem haver
nenhuma morte, sem ter violência, ao contrário de ser demérito, é virtude!
Porque, se isso tivesse acontecido mais vezes, sem disparar um único tiro,
desarmar um seqüestro, uma ação violenta, é o que devia ser de exemplo. Aliás,
por isso eu fui defensor do desarmamento. E nós temos visto o que tem
acontecido por aí: o aumento da violência pelo excesso de armas, Verª Margarete
Moraes, nas mãos de pessoas que não deveriam possuí-las, pelo excesso de armas
nas mãos da sociedade. Só para dar um exemplo: na semana passada, uma das
pessoas que militavam no Movimento de Direitos Humanos, em Uruguaiana, foi
assassinada em Viamão, foi eliminada pelas quadrilhas do tráfico de armas. E
isso tem feito com que a violência aumente de forma generalizada.
Só
para fazer um registro, Ver. Bernardino, quero dizer que eu fui Diretor do DEP
por quatro anos e eu o conheço relativamente. Eu não quero ter a pretensão de
dizer que sou o único conhecedor do DEP, mas estive lá num período em que foi
feito um trabalho intensivo, por, pelo menos, dois anos, e, praticamente,
depois desse trabalho, não houve alagamento na Cidade. E há um quesito
fundamental para que a Cidade não alague: fazer os investimentos que têm de ser
feitos. Por exemplo, há 75 mil bocas-de-lobo e poços de visita - os quais se
chamam equipamentos de drenagem na Cidade -, e eles têm de ser limpos todos os
anos! Já se passou um ano deste Governo, e eles não estão limpos. É por isso que
a Cidade alagou do jeito que alagou e vai continuar alagando toda a vez que
chover. E não adianta dar desculpas que a próxima chuva será maior do que foi a
anterior, porque essa desculpa já havia sido dada quando da chuva anterior.
Isso
foi denunciado por nós, nós apresentamos Emenda para que se aumentassem os
recursos para o DEP. No entanto, o que se vê é que os recursos do DEP foram
transferidos, nos próximos vinte meses, para a Administração Centralizada, uma
vez que esses recursos são arrecadados pelo DMAE, como créditos vindouros
futuros, para pagamento de dívidas, para pagamento do 13º salário, à revelia
desta Casa, e isso não havia sido feito anteriormente, pois era feito por lei.
Então,
a Cidade continuará alagando, se não houver investimento em manutenção das ETs
- Estações de Tratamento -, das redes de microdrenagem, das redes de
macrodrenagem, dos canais, do arroio Dilúvio, das casas de bombas, do
hidrojateamento, e de todos os serviços correlatos do DEP. Com os recursos
orçados, a Cidade vai continuar a ficar debaixo d’água. Eu vou discutir esse
tema todos os dias, Ver. João Dib!
Na
última Sessão, o Ver. Sebenelo falou das cinco mortes que ocorreram, há alguns
anos, na Av. Nilo Peçanha, na Av. Teixeira Mendes. Eu quero dizer que isso é
verdadeiro, mas esse problema é anterior, inclusive, à Administração do então
Prefeito Alceu Collares. O que nós fizemos foi pagar - e será até o ano de 2008
- 35 salários por mês para as vítimas, que são aquela médica e as duas filhas.
Isso aí, sim, foi o que aconteceu. Portanto não era o Governo da Frente Popular
e não era o Governo Collares, porque foi anterior. Esse ato tem data, é só
querer que eu digo o ano que foi.
A
outra questão que eu venho aqui reportar como muito grave, Dr. Goulart, é o que
está acontecendo no DMLU. (Lê.): “Não era segredo para ninguém que, no último
período da Administração Popular, como o Prefeito João Verle deixou claro para
toda a sociedade, o Município de Porto Alegre sofreu com dificuldades
financeiras. É inegável que tais dificuldades levaram a uma não-execução, na
sua plenitude, de todos os investimentos e custeios previstos para os órgãos da
Prefeitura, sempre priorizando o efetivo pagamento em dia do salário do
funcionalismo. Isso de nenhuma maneira levou ao sucateamento do DMLU, a
prestação de serviço continuou de qualidade e os equipamentos necessários a sua
execução em funcionamento. Em 31 de dezembro, menos de 5% da frota
encontrava-se parada em manutenção. Cabe ressaltar que todos os contratos de
fornecimento de peças e acessórios estavam em pleno vigor. Hoje, ao que se
sabe, nem a oficina existe mais. O sucateamento do DMLU se deu durante esses
onze meses de forma consciente e premeditada não só de seu maquinário, mas
principalmente de seu corpo funcional, em especial do corpo técnico,
desvalorizado, convidado a deixar o Departamento ou deixado de lado. O golpe
derradeiro vem na previsão do Orçamento.”
Enfim,
estamos diante de um planejado e continuado processo de desmonte, senão,
vejamos: Orçamento do DMLU em 2004, 99 milhões e 560 mil reais; em 2005, 96
milhões 364 mil reais; em 2006, estão previstos 96 milhões e 616 mil reais.
Sendo, portanto, em dois anos, a diminuição de mais de seis milhões de reais
com o aumento do serviço, porque a Cidade cresce.
No
entanto, o que nós vemos, por ato da Sr. Diretora Jandira Santos, um assunto
relativo ao Memorando nº 193, Sr. Presidente, de 2005, solicitando que sejam
estornados e creditados os valores abaixo relacionados (Lê.): “Jairo Armando
dos Santos, 4 mil, 69 reais e 36 centavos; Caetano Cuervo Lo Pumo, 4 mil e 69
reais; Manoel Rodinei de Lima, 4 mil e 69
reais; Raul Jardim Cabral, 4 mil e 69 reais; Jary Fontana dos Santos, 8
mil e 138 reais; Eduardo Martins Medeiros, 4 mil e 69 reais; Izabel Matilde
Postiglione, 4 mil e 69 reais”. São onze pessoas devolvendo, por ordem de
Memorando, créditos auto-atribuídos, salários auto-atribuídos de dez Diretores
do DMAE, mais o Chefe-de-Gabinete, que leva 8 mil e 138 reais. Por
coincidência, esse é o Chefe-de-Gabinete do Sr. Diretor Garipô Selistre.
De
um lado, aqui se está patrocinando o desmonte, a desmoralização, o escândalo
contra o DMLU, estão querendo entregá-lo para a iniciativa privada; de outro
lado, os dez Diretores, mais o Chefe-de-Gabinete se auto-atribuindo o valor de
4 mil e 69 reais, agora, no dia 27 de dezembro, mandado estornar aqui, por
ordem dessa Diretora de Recursos Humanos.
Então,
Sr. Presidente, nós estamos diante de um ato gravíssimo, porque alguém permitiu
isso, e esse alguém tem nome, é o Diretor dessa autarquia. E o Sr. Prefeito,
para ter decência, que demita esse Diretor, porque não tem cabimento que se
faça o que se está fazendo, que se queira desmoralizar, desmontar, atacar o
serviço público e as Diretorias em seu todo se locupletando. São 4 mil e 69
reais! Vejam só!
O Sr. Raul Carrion: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Rapidamente eu queria lembrar que aqui nesta Casa, durante a
votação das PPPs, havia uma Emenda da nossa Bancada, da Frente Popular, para
que não fosse incluído o serviço do DMLU nas PPPs, e isso foi derrubado nesta
Casa. Portanto, também aqui nesta Casa, nós temos de refletir sobre a nossa
responsabilidade em relação a esses acontecimentos, porque nós aqui aceitamos
que o DMLU fosse transformado numa PPP. Parece, tudo indica estar-se
encaminhado para uma, por meio das PPPs, certa privatização do DMLU, para isso
a desmoralização do DMLU.
O SR. CARLOS TODESCHINI: Obrigado, Ver. Raul Carrion, faz parte do
sistema. Nós estamos encaminhando um Pedido de Informações para saber sobre que
critérios isso foi feito e pedindo providências imediatas do Sr. Prefeito, pois
creio que o Sr. Prefeito não corrobora esse tipo e atitude; que tome as medidas
em relação ao Diretor, porque o Garipô
não teve coragem de assumir aqui, de se auto-atribuir isso, quando
atribui ao seu Chefe-de-Gabinete. Está aqui o memorando e todos os registros
documentais. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Srs. Vereadores, como temos dez
Vereadores, temos quórum para deliberar. Antes da fala do Ver. Elias Vidal,
colocaremos em votação o Requerimento do Ver. João Dib.
O SR. RAUL CARRION: Eu gostaria que fosse com este
complemento: “A partir da próxima Sessão”. Inclusive havíamos acordado, hoje,
ao início dos trabalhos, que votaríamos com esse adendo.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Pois não. Estaríamos deliberando para as
próximas Sessões. Nesta permanecerão os dez minutos.
Em
votação o Requerimento do Ver. João Dib que solicita que o tempo para as
manifestações no período de Comunicações seja reduzido de dez para cinco
minutos, a fim de que todos os Vereadores presentes possam falar. (Pausa.) Os
Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
A
partir da próxima Sessão, cada Vereador terá cinco minutos, permitidos apartes,
o que levará os Vereadores Suplentes desta Comissão Temporária a se manifestar.
O
Ver. Elias Vidal está com a palavra em Comunicações.
Eu
venho a esta tribuna, Srs. Vereadores, para fazer uma reflexão. Os trabalhos
aqui foram abertos, o primeiro Vereador foi o Ver. Adeli Sell, que fez aqui
algumas observações em relação à violência. O Ver. Todeschini também falou
sobre a questão da violência, e eu até já me havia condicionado a falar um
pouco sobre esse assunto, mas não hoje. Na realidade, já há algum tempo, não só
este Vereador, mas todo cidadão neste Brasil, neste País, neste Estado, nesta
Cidade, tem-se preocupado muito com essa questão da violência, em virtude de
todas essas reportagens, tanto no jornal quanto no rádio e na televisão. Aquilo
que a gente via muito à distância, hoje, na realidade, está acontecendo com as
famílias, que estão se vendo nos noticiários, perdendo muitas vezes o seu
filho, o seu neto, o seu esposo, a sua esposa, alguém da família, um amigo...
Não é muito difícil, hoje em dia, uma família sofrer a perda de uma pessoa
amada.
Eu
estava conversando ali com o Ver. Bins Ely, o nosso nobre, jovem e promissor
Vereador. Estávamos conversando a respeito dessa questão da violência, e este
Vereador, fazendo uma reflexão junto ao Ver. Bins Ely, referiu a sua
preocupação em relação à violência, Ver. Ismael. A pergunta para uma reflexão é
a seguinte: a quem vamos reclamar? Eu penso que não há necessidade de vir a
esta tribuna falar sobre violência, porque basta ler os jornais, basta assistir
a um programa na televisão, a um telejornal, a um noticiário, ou escutar o
rádio, e nós vamos nos deparar com muito sangue, com muita violência. E, se por
acaso a pessoa não assistir à televisão, nem escutar um rádio, nem ler os
jornais, basta ir a alguns lugares de Porto Alegre ou do restante do País para
sentir uma arma encostando em si, ou para ver alguém levando o seu carro,
fazendo-lhe de refém, arrastando-lhe para um matagal para, daí a pouco,
executar-lhe. Não há necessidade de ficarmos somente em debates e reflexões.
A
minha pergunta é a seguinte: o que eu, como Vereador, o que o Ver. Ervino
Besson, o que o Ver. Raul Carrion, cada um de nós, os Vereadores, podemos fazer
para melhorar essa situação, afinal de contas? Porque quem nos escuta pela
televisão de repente até pensa assim: “É verdade o que esse Vereador está
falando”, assim como é verdade o que os Vereadores Adeli Sell, João Dib e
Margarete falaram; todos nós estamos falando sobre isso, porque todos nós
queremos mais segurança, Presidente Dr. Goulart! Todos nós queremos mais
qualidade de vida, queremos ter o direito de sair, de passear, de ir a um
brique, ao Parque da Redenção, ao Parque Marinha do Brasil, ao Gasômetro, ao
Parcão, enfim, a qualquer parte! É direito de cada cidadão ir e vir e poder
sair com a sua família, com o seu filho, com a sua namorada, estacionar o seu
carro, ir a um restaurante...! Isso é um direito!
Há
muita gente boa morrendo, há muita família... Eu estava conversando,
Presidente, com o Diretor do Colégio General Rondon, Escola Adventista, Zona
Norte de Porto Alegre, a respeito daquele empresário que, há um mês e pouco,
foi assassinado próximo à Av. Assis Brasil. O Diretor me disse que o filho
desse empresário, de sete anos, que estuda na sua Escola, saiu da Escola,
chegou em casa, telefonou para o pai e disse: “Papai, eu quero fazer um lanche
no McDonald’s, a nossa secretária já passou na Escola e me pegou, já estou em
casa. O senhor não precisa passar na escola para me pegar, eu só gostaria,
papai, que o senhor me levasse para o McDonald’s para fazer um lanche”. O Diretor
me contou isso. E o pai, então, que já estava chegando na Escola, retornou para
casa. E, na quadra vizinha ao colégio, o cidadão, com o seu carro, foi
interceptado na esquina, quando baixou a velocidade do carro - de dia,
senhores, não foi à noite, foi perto do meio-dia, ou talvez no final da tarde,
ele não me falou em que turno o menino estuda - ele foi interceptado por três
jovens; esse pai, que estava acompanhado de sua esposa, foi executado dentro do
carro. Um jovem drogado puxou a arma e executou esse pai dentro do carro, na
esquina, a uma quadra curta do colégio. Os professores, Diretores do colégio,
com o barulho do estampido do tiro, correram até o carro, e, ainda, estava
agonizando ali aquele pai, e, antes que chegasse uma viatura da Saúde, ele já
havia falecido. O filho só pediu um direito sagrado: ”Papai, passe em casa,
pegue-me, eu quero, na sua companhia, fazer um lanche”. Esse direito, uma coisa
tão simples. Agora, como fica a cabeça dessa criança? Como fica a cabeça dessa
esposa, dessa família, dos amigos, dos funcionários dessa empresa com esse ato
brutal?
Será
que a nossa reflexão não está sendo de forma equivocada? Porque todos nós
falamos que queremos segurança, e a coisa está indo de mal a pior, cada vez
mais, não só em nível de Porto Alegre, de Rio Grande do Sul, ou de Brasil. A
pergunta é: será que não temos de discutir algo muito mais atrás, na raiz do
problema, como, por exemplo, a questão carcerária no Brasil, a questão dos
presídios, a questão das penas? Será que não é momento de discutir, por
exemplo, a prisão perpétua? Eu não sei! Será que não temos de trazer à pauta
esse assunto? Será que a impunidade não traz este pensamento para o criminoso:
“Eu mato, e não vai dar nada”? Será que mais policiais nas ruas, não sei, pode
ser um ato paliativo? Será que a redução do crime, de fato, vai acontecer com
mais policiamento? Eu acredito que sim. Mas será que o criminoso não tem a
sensação de que não vai ficar preso por muito tempo? Será que não precisamos
discutir essa questão da impunidade? Será que essa discussão não tem de ser
mais aprofundada? Agora a questão é: onde se discute esse assunto? Como se
mexe, como se movimenta esse cenário? Eu não sei! Alguém já me perguntou, uma
vez, em uma entrevista: “Vereador, você é a favor da pena de morte?” Não sei! O
que você acha? Será que não é o momento para se discutir a questão da
impunidade?
Nós
precisamos mexer nessa questão da violência com base nas drogas. Hoje, por
exemplo, consome-se droga em qualquer lugar. Outro dia, o Presidente da República
disse que não é mais crime fumar maconha. Todo o mundo sabe que a maconha é o
primeiro passo para a escalada da violência: da maconha vai para cocaína, vai
para o crack, quando não dá a maconha
é direto para o crack. O vício é o combustível que gera a
violência. Em mais de 90% dos crimes, há o consumo de drogas por trás. Mas
consome-se droga em tudo quanto é lugar! O Presidente da República, na sua
discussão de campanha, falava em mexer na questão carcerária no Brasil, e
continua tudo a mesma coisa; reduz-se cada vez mais.
Eu
virei, Sr. Presidente, muito a esta tribuna, tocarei mais nesse assunto, pois
não toquei muito até então. Sempre bati muito nessa questão da violência
relacionada às drogas, mas acho, Sr. Presidente, que nós, Vereadores, precisamos
- a sociedade cobra, a soma das partes; Porto Alegre é uma parte do Estado, o
Estado uma parte do Brasil - nos engajar em instituições sérias para tentarmos
mexer com esse conceito. Porque os direitos humanos são para ladrão, os
direitos humanos não são para cidadão. Hoje em dia, o cidadão morre, vira um
arquivo no computador, depois de morto se diz: “Ah, morreu! O que vamos fazer?
Já morreu mesmo”. E o criminoso, como está vivo, vale mais do que o bom cidadão
morto. E aí, cada vez mais, se atribui o mérito, a solidariedade ao bandido
vivo, e o cidadão bom que morreu, que contribuía, que trabalhava, que gerava
empregos, não tem essa solidariedade. Então, nós precisamos discutir mais esse
assunto e ter mais coragem de ir à raiz do problema. Eu acho que já é hora de a
sociedade, no Brasil, cobrar essa questão da impunidade. Não dá mais para
conviver com essa situação. Tantas perdas, pessoas que têm o direito de viver
estão deixando de viver porque alguém, simplesmente, resolveu ou usar drogas ou
assaltar, dar um tiro, e fica por isso mesmo.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Muito
obrigado, Ver. Elias Vidal.
O
Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicações.
O
SR. ERVINO BESSON: Meu
caro Presidente, Ver. Dr. Goulart, que hoje preside a primeira Reunião
Representativa, ao saudá-lo, carinhosamente, cordialmente, eu quero saudar
também os Vereadores aqui presentes, o Ver. João Antonio Dib, Ver. Raul, Verª
Margarete, Ver. Elias Vidal, Ver. Márcio, Ver. Ismael e as pessoas que nos
acompanham nas galerias e pelo Canal 16 da TV Câmara. Eu também quero saudar,
estava aqui conosco até há pouco, o Ricardo Orlandini, da Rádio Pampa, uma
rádio que abre muito espaço para nós, Vereadores; quero agradecer a forma
cordial como nos atende, como nos convidam, não só a este Vereador, mas a
maioria dos Vereadores aqui desta Casa. Portanto, fica aqui o nosso
reconhecimento, o nosso abraço a essa grande família que é a rádio e a
televisão Pampa.
Ver.
Dr. Goulart, V. Exª assume esta Casa como Presidente e tem uma caminhada, na
sua história e na sua vida, como político, como médico, um profissional
respeitado, um profissional de ponta, um homem que, na sua vida profissional,
tem uma história muito clara, muito marcante e muito elogiada por milhares de
pessoas. Vossa Excelência foi Secretário da Saúde em Gravataí, a gente vê o
carinho daquelas pessoas que nós conhecemos, que nos procuram, a forma como V.
Exª exerceu as suas funções e atendeu a essas pessoas pobres e continua
atendendo até hoje, com dinheiro ou sem dinheiro. Eu faço esse registro aqui
com muito orgulho, pois é o mínimo de reconhecimento deste Vereador. É um homem
que conhece muito a nossa periferia e sabe, com muita clareza, o trabalho que
presta e continuará, sem dúvida nenhuma, prestando para o nosso povo, para
nossa comunidade mais carente. Portanto, faço, em nome da Bancada do meu
Partido, esse cordial e carinhoso reconhecimento.
Ouvindo
alguns pronunciamentos desta tribuna, parece que tudo antes era céu e que hoje
tudo é inferno. Não é assim. As pessoas que têm intenção de procurar a nossa
Cidade, de procurar o nosso litoral, que escutam alguns pronunciamentos de
alguns Vereadores até podem se assustar. De repente, resolvem, no meio do
caminho, não ir mais a Porto Alegre, porque aqui a insegurança, a
criminalidade, a droga, a prostituição tomaram conta de tudo! Não é assim, Ver.
Elias Vidal. A nossa segurança, todos nós sabemos, é extremamente preocupante
para todos nós. Agora, não se pode colocar da forma como está sendo colocada aqui:
mudou o Governo, o inferno tomou conta de tudo. Antes, era tudo céu,
Presidente! Não é assim!
O
Sr. Raul Carrion: V. Exª
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Em primeiro lugar, a nossa
satisfação, cumprimento Vossa Excelência. Estou desconhecendo Vossa Excelência,
que, no Governo anterior, era o Vereador que mais subia nesta tribuna para
dizer isso que Vossa Excelência está anunciando, acusando agora a oposição,
dizia que o caos na segurança existia, contava e relatava situações da Região
Sul. Então, Vossa Excelência é que mudou.
O
SR. ERVINO BESSON: Não
mudei, não. É a opinião de Vossa Excelência.
O
Sr. Raul Carrion: Ninguém
está dizendo que é o caos, mas é uma situação grave.
O
SR. ERVINO BESSON: Mas a
forma como está sendo colocada aqui, Vereador, assusta as pessoas. Não é bem
assim.
O
Sr. Raul Carrion: Agravou-se,
Vereador. Agradeço o aparte.
O
SR. ERVINO BESSON: Quero
dizer a V. Exª que, quando foi Governador, o Sr. Olívio Dutra não nomeou sequer
um policial civil nos seus quatro anos de mandato. E as promoções de direito
normalmente são feitas duas por ano, e o Governador Olívio só fazia uma por ano
e não pagou sequer os atrasados.
Desculpem,
mas eu me esqueci de algo. O PT fez uma coisa muito boa para a Cidade, vamos
falar das coisas boas também, entre aspas. Ele trouxe um grande personagem para
resolver o problema da segurança: Luiz Eduardo Soares. Aí, resolveu-se o
problema da segurança. Mulheres, homens, crianças puderam andar na rua porque o
problema da segurança estava resolvido. E pagou peso de ouro, Sr.
Presidente! Pagou peso de ouro! Resolveu o problema da segurança? Vou botar o
meu cérebro a funcionar e lembrar que ele fez algo de bom aqui: tentou liberar
a droga. Tentou liberar a droga, essa praga da droga que está liquidando com
muitas gerações, meu caro Ver. Elias Vidal, Vereador que faz um extraordinário
trabalho nessa área. Eu o admiro pelo trabalho que presta aos nossos jovens,
não só eu, mas todos os Vereadores que acompanham o trabalho de V. Exª têm que
elogiar e admirar o seu trabalho.
Agora,
vem um homem aqui para resolver o problema da segurança e quer liberar as
drogas!? Isso é sério! Eu acho que segurança tem que tratar com muita
responsabilidade e não da forma como está sendo colocada por alguns queridos
colegas Vereadores nesta tribuna. Todos nós prestamos um juramento quando
assumimos uma cadeira nesta Casa e temos que ter consciência e responsabilidade
com esta Cidade e também com os discursos que temos a liberdade de fazer no
microfone desta Casa.
As
grandes matérias dos jornais que lemos estampam o que acontece diariamente em
nosso País, e, para algumas coisas, o povo merece resposta. Quem tem que dar
essas respostas é o nosso Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva,
que, nos seus últimos pronunciamentos, está deixando muito a desejar. A
respeito dessas punhaladas que ele diz que está recebendo, ou recebeu e vai
continuar recebendo, ele tem que dar o nome de quem. Que diga à Nação
brasileira de quem ele recebeu essas punhaladas. Qual o Partido que está o
apunhalando pelas costas? Tem que dizer à Nação. O povo precisa saber!
Aproveitando,
meu caro Presidente, quero desejar a V. Exª e à Mesa Diretora um trabalho
profícuo, claro, muito aberto. Sei que V. Exª assim o fará. As pessoas
escolhidas para dirigir esta Casa são pessoas competentes. Já foi colocado,
nesta tribuna, que essa tarefa não é nada fácil. Mas V. Exª, sem dúvida
nenhuma, tem competência para isso. Nós temos, nesta Casa, uma equipe de
funcionários de excelente qualidade, pessoas preparadas, desde o mais simples
funcionário até aquele que ocupa um cargo mais elevado. Tenho certeza de que
quem ganhará com isso é a população de Porto Alegre.
Desejo
a todos um feliz 2006! Que o nosso querido velhinho lá de cima acompanhe isso
passo a passo, pois somos humanos, sujeitos ao erro. E que a gente tenha
grandeza também de corrigir esses erros, para que o trabalho se desenvolva com
muita tranqüilidade, lisura e transparência. Meu caro Presidente, receba o
nosso fraterno e carinhoso abraço. Neste momento, falo em nome da Bancada do
PDT. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Muito obrigado.
O
Ver. João Antonio Dib, nosso querido ex-Prefeito, ex-Presidente desta Casa,
está com a palavra em Comunicações.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Exmo Sr. Presidente, Ver. Dr.
Goulart; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, minhas
senhoras e meus senhores, o primeiro pronunciamento do ano deve ser leve,
tranqüilo; então, vamos falar de números e palavras. Dois mil e seis é um novo
ano, e iniciamos com esperança, com idéias de que há de ser melhor do que 2005.
Eu espero que assim seja e aproveito para desejar a todos os porto-alegrenses
sucesso, saúde e paz.
Mas 2006, meu caro
Presidente, somando os números dois e seis, dá oito, e oito é meu número
predileto; mas, se deitarmos o oito, dá o infinito, e o meu Presidente vai ter
que ter paciência infinita para dirigir os trabalhos desta Casa. Eu não devo
pedir, mas exigir que os 35 Vereadores dêem uma colaboração infinita também ao
Presidente, para que ele possa levar a bom termo os trabalhos da Casa, porque,
se o Presidente for bem sucedido, a Casa será promovida, nós todos vamos ficar
muito contentes e a população também.
Mas eu disse que
iríamos falar em palavras também, e os dicionaristas vão ter problemas, pois
vamos ter muitas palavras novas. Já há o “mensalão”, já há o “mensalinho”, e
precisamos acrescentar o “anualão”, a barbaridade, a desfaçatez de um Congresso
Nacional que não representa o povo, que se auto-representa, que não tendo sido
convocado pelo Presidente da República, que faz a autoconvocação e que recebe
dois salários: do dia 16 de dezembro a 14 de janeiro não precisam trabalhar e
recebem o salário igual e, do dia 14 de janeiro até 14 de fevereiro, não vão
fazer nada e vão receber outro salário. Autoconvocação extraordinária sempre foi
sem ônus, mas agora é com ônus. Todos os anos o “anualão” acontece, e nós
ficamos preocupados com o “mensalão” e o “mensalinho”. Todos os Deputados,
todos os Senadores... Neste ano, cerca de 10% estão devolvendo, um diz que vai
dar 15 mil reais - mas ele vai receber 25 mil, 26 mil - para entidades
assistenciais. E o resto? E os outros Deputados? E os outros Senadores? Será
que eles têm direito, será que eles têm merecimento para receber, além de todas
as vantagens que têm, mais dois salários para não trabalhar?!
Eu quero lembrar o ano de 2003, quando o Presidente
Lula convocou extraordinariamente o Congresso, e uma das grandes necessidades
era votar a PEC Paralela do Senador Paim; eles, então, receberam rapidamente os
seus dois salários, o seu “anualão” e foram passear, porque a PEC Paralela não
foi votada.
Eu tenho dito que nós temos um número excessivo de
legisladores neste País - e não comecei a dizer hoje. Há 23 anos, quando
passamos a ter 33 Vereadores, eu já achava que estava exagerado e, desde então,
eu venho falando. Vejam V. Exas. que 100 milhões de reais é o que custa o
“mensalão” este ano; imaginem esses 100 milhões de reais distribuídos para 100
pequenos Municípios deste País - que são 5.500 Municípios -, seria um milhão de
reais para cada um. Com um milhão de reais, um Município pequeno faz uma
quantidade tamanha de obras, criaria tantos empregos que ficaríamos muito
impressionados, eles renderiam para o País muito mais do que os 100 milhões,
porque, quando eu emprego alguém, eu estou criando um consumidor; quando eu
estou criando um consumidor, tem que criar mais produção! E, se eu tenho mais
produção, tenho mais renda, eu tenho que empregar no comércio! Então, a coisa é
simples: nós precisamos ter responsabilidade por nosso País!
Nós temos um Congresso Nacional com 513 Deputados e
81 Senadores. Imaginem se reduzíssemos à metade, quantos bilhões de reais
poderiam ser distribuídos aos 5.500 Municípios para fazer pequenas obras e
empregar muita gente? O Presidente Franklin Delano Roosevelt retirou os Estados
Unidos da depressão econômica empregando gente, mandando abrir buracos;
empregando gente para fechar os buracos. Ele criou consumidores, ele criou a
certeza, a esperança de que dias melhores aconteceriam. E nós temos 513
Deputados! Uma média de 19,8 Deputados por Estado. Os Estados Unidos têm 50
Estados e 435 Deputados Federais. Só que lá nos Estados Unidos os Deputados
Federais têm que prestar conta muito presente aos seus eleitores, porque o
eleitor diz: “O meu Deputado está lá, e ele vai me responder”. E ele vai ter
que responder porque senão não volta mais. Aqui não há problema, não dá nem
resposta! Mas são 50 Estados com 435 Deputados Federais, e, aqui, nós temos 513
para 27 Estados. Dá uma média de quase 20 Deputados, só que lá nos Estados
Unidos há 100 milhões de habitantes mais do que no Brasil. Os Estados Unidos
têm um milhão de quilômetros quadrados a mais do que o Brasil.
Agora, nem vou falar no dinheiro dos Estados
Unidos, porque é o dinheiro do mundo. Todo o dinheiro do mundo está lá! Entra e
sai, vai e volta. Nós dependemos do Exterior para fazer as obras das nossas
cidades, dos nossos Estados e do próprio País. Se nós diminuíssemos para 135
Deputados, numa média de cinco por Estado, nós teríamos, talvez, um
aproveitamento de muitos bilhões de reais e teríamos solução para os problemas
de legislação que precisa ser feita para que o País progrida. Não há
necessidade de fazer leis todos os dias, não; mas algumas leis que não precisam
ser feitas estão lá no Congresso. Nem com o “anualão” eles realizam as Sessões
para que possam votar e dar condições melhores de vida ao povo brasileiro.
As
Câmaras Municipais também; quando eu entrei aqui, havia 21 Vereadores. E eu
defendia que deveriam ser 21, mas, agora, mudei de idéia: deveriam ser 11 só,
porque 11 Vereadores resolveriam os problemas da Cidade! Eu só não mexeria nas
Assembléias Legislativas. A nossa Assembléia Legislativa tem 55 Deputados para
quase 300.000 Km² de área e não para 500 Km² como nós temos e, também,
para uma população de mais de 10 milhões de habitantes. Então, esta Assembléia
Legislativa, quando foi reaberto o regime democrático, em 1957, elegeu 56
Deputados, e, desde então, o número teve apenas uma alteração, passando de 56
para 55, e funciona muito bem.
Portanto,
num primeiro pronunciamento do ano, eu queria dizer que o dicionário vai ter de
ser alterado ou a vergonha na cara dos Deputados Federais e Senadores vai ter
de ser alterada, para que não incluam a palavra “anualão”. Mas os números estão
aí, é fácil discuti-los, é fácil encontrar solução. Saúde e PAZ! Muito
obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O
Ver. José Ismael Heinen está com a palavra em Comunicações.
O
SR. JOSÉ ISMAEL HEINEN:
Exmo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Srª
Vereadora Margarete Moraes, Srs. Vereadores, senhores espectadores da Câmara
Municipal, que muito nos honram nas nossas Sessões, quero, de pronto, de
início, parabenizar o nosso Presidente pelo ato magnífico que tivemos nesta
Câmara segunda-feira, em que estava presente a síntese da democracia representativa
da nossa Cidade, da nossa sociedade, o que demonstra, Sr. Presidente, o apreço
- e o nosso acerto, também, em escolhê-lo como Presidente - da sociedade para
com Vossa Excelência. Então, do fundo do coração, desejo-lhe sucesso, tenho
certeza de que, se depender deste Vereador, esse sucesso estará mais garantido
ainda.
Srs.
Vereadores, comunidade porto-alegrense, este é o meu primeiro discurso deste
ano. Há tantas coisas para falar, mas eu vou-me ater a algumas coisas que foram
colocadas hoje neste Plenário por alguns nobres Vereadores - uma delas foi dita
pelo nobre colega Ver. João Antonio Dib, quando falou sobre a economia. O
Vereador disse que a economia é simples - e eu concordo com isso -, que quem
complica a economia somos nós, pois a tornamos complexa e acabamos
atrapalhando-a.
Sr.
Presidente, nós vemos estampado nos jornais o Presidente da República pedindo
que os seus auxiliares invistam - para mim, isso é gastar - 28 bilhões de
reais, e que o façam de forma rápida. Isso é um confronto irônico à nossa
sociedade, aos Prefeitos que se concentram em Brasília pedindo o cumprimento de
uma promessa, qual seja, a votação da PEC Paralela para aumentar em 1% a
Receita das Prefeituras, para que eles possam enfrentar os problemas do
dia-a-dia das suas comunidades. Só para dar um exemplo, o custo dessa
convocação extraordinária no Congresso Nacional será de 79 milhões reais ao
País - uma convocação irresponsável -, um custo que poderia auxiliar na
aprovação dessa PEC Paralela. Convém lembrar que nós, aqui, não temos esse
custo. Muitos confundem, pensam que a Câmara de Vereadores, quando está
trabalhando em convocações extraordinárias, recebe a mais por isso. Eu fico
pasmo quando vejo anunciado nos jornais que o Governo gasta oito milhões de
reais em festas oficiais. Então, eu vejo que esses 28 bilhões de reais
anunciados não servirão para investimentos; servirão para fazer mais festas,
para o Presidente andar mais de avião. Mas eu penso que, em 2006, isso não
acontecerá, Ver. Dib.
Recebemos
também uma “boa notícia” para quem gosta de sofrer, Ver. Ervino Besson. O
Imposto de Renda em janeiro deste ano voltaria a 25%, mas agora temos a notícia
nos jornais, Sr. Presidente, de que não, de que ele continuará 27,5%; quer
dizer, a classe média novamente sendo assaltada, o assalariado, que paga o seu
Imposto de Renda, novamente assaltado em mais 10%. Isso para ter 28 bilhões de
reais para gastar com o que ele disse que não gastou nos últimos três anos, não
tapando buracos, não repassando dinheiro suficiente para a Saúde e não cuidando
da Segurança.
O
Sr. Ervino Besson: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Ismael, muitas pessoas
acham - inclusive V. Exª talvez também tenha ouvido de algumas pessoas - que
nós, depois de determinados mandatos, temos direito à aposentadoria. Para que
fique claro, quero dizer que nós não temos direito a nada de aposentadoria.
Havia uma lei, mas foi extinta em 1990. Sou grato a Vossa Excelência.
O
SR. JOSÉ ISMAEL HEINEN: Muito
bem lembrado, nobre Vereador. Quando eu assumi como Vereador desta Casa, eu
falei do meu orgulho, do meu sonho, porque para mim era um sonho pertencer a
esta Casa, pois se sabe o quanto esta Casa sempre dignificou o Parlamento
brasileiro, por mais acirradas que sejam as suas discussões e os seus
contrapontos. Mas me orgulho da honestidade com que ela sempre se interpôs.
Esse
Imposto de Renda representa, Ver. Dib, 2 bilhões e 800 milhões de reais, isso
porque poderia estar na livre iniciativa, gerando emprego, gerando produção e
renda. Também fico pensando como as coisas são ilógicas. Nós vemos uma
Petrobrás, exemplo de empresa estatal, que ultimamente se orgulha de uma forma
escancarada, também nos jornais, de a cada três meses ter bilhões e bilhões de
lucros. Mas, quando chegamos aos postos de gasolina, vemos que a nossa gasolina
é uma das mais caras. E a gasolina hoje não é mais aquela gasolina de
antanho, quando utilizada para se passear; hoje é para produzir, é para
o operário ir à fábrica buscar o seu salário mínimo. A gasolina sobe, e a
Petrobrás aumenta os seus lucros. A boa gestão é aquela que pode harmonizar
pelo ponto comum do custo, da venda e do lucro, para poder fazer os seus investimentos,
mas não escancaradamente dizer que teve bilhões e bilhões de lucros em
trimestres, e, no outro dia, nós vamos às bombas de gasolina, e ela aumentou.
O Sr. Raul Carrion: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Exmo Ver. José Ismael Heinen, é uma satisfação fazer um
aparte a Vossa Excelência. Eu queria lembrar que a Petrobrás foi uma conquista
da luta do povo brasileiro contra aqueles que diziam que não havia petróleo,
inclusive os Estados Unidos e todos os integristas da história deste País.
O SR. JOSÉ ISMAEL HEINEN: O grande Monteiro Lobato.
O Sr. Raul Carrion: Exato. Houve uma luta dos militares
nacionalistas, os comunistas, os trabalhistas, para que ela existisse. Pois
bem, no período neoliberal, do Presidente Fernando Henrique, que o seu Partido
apoiou e do qual participou ativamente, a Petrobras foi sucateada e estava
praticamente posta à venda. Foi a vitória do Governo Lula que impediu que esse
patrimônio do povo brasileiro, o petróleo, fosse à venda. A Petrobras, no último
período, aumentou a produção, e nós chegamos à auto-suficiência. A Petrobras,
hoje, é uma das maiores empresas do mundo, deu um salto na sua valorização,
fruto exatamente do investimento que está sendo feito. Agora, o preço do
petróleo, fruto dessa lógica que o período neoliberal nos impôs, é estabelecido
pelo preço internacional. Nós também achamos que deva ser mudado. Devo lembrar
que o seu Partido e o seu Governo, o Governo Fernando Henrique, em oito anos,
estavam por privatizá-la. Felizmente, o Governo Lula a recuperou e a
transformou nesse grande patrimônio. Muito obrigado.
O SR. JOSÉ ISMAEL HEINEN: Agradeço o reforço, mas quero apenas
perguntar se o nobre Vereador saberia me dizer, de uma detecção de um poço de
petróleo até a produção, quanto tempo leva
para que possamos obter gasolina? Então, se ela estava sucateada, a
auto-suficiência não é deste Governo, não; a auto-suficiência vem do trabalho
desenvolvido no outro, pelo tempo de maturação, da descoberta da prospecção até
a produção final do petróleo, nobre Ver. Raul Carrion.
Mas
eu queria encerrar aqui, e foi falado sobre violência. Violência, meus amigos,
é realmente uma coisa triste, e mais triste ainda, também, Sr. Presidente, é
vermos que a União destinou para o Orçamento de 2006 o grande montante, para
esse desafio da Segurança Pública, de 90 milhões de reais para enfrentarmos
essas barbáries, enfrentarmos essas promiscuidades, essa violência inócua que
está acontecendo, nojenta, para dizer a palavra exata, eu não queria baixar
tanto, mas realmente é. Nós só resolveremos o problema da Segurança Pública
quando tivermos um Ministério Público que não fale em milhões, mas que fale em
bilhões, que treine o nosso agente de Segurança Pública, que ele tenha recurso,
que a sociedade seja co-responsável. E essa violência só poderá ser combatida
quando todo indivíduo brasileiro tiver a sua auto-estima, tiver seu emprego,
tiver a sua religião, tiver seu sonho, tiver seu idealismo.
E
concluo, para cumprir o nobre horário, dizendo que sempre, no dia primeiro de
janeiro, Sr. Presidente, a Igreja se volta para a Jornada Mundial da Paz. E o
Papa - que Deus ouça este pedido - disse que a paz é não ter violência; que a
paz passa necessariamente pelo diálogo, passa, Ver. Raul Carrion, pelo perdão
e, principalmente, pela solidariedade. E que este seja um ano, nesta Casa, de
tudo isto: de muita paz, de solidariedade, de trabalho, de sucesso para todos
nós e para a nossa Porto Alegre. Meu muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Amém, Ver. Ismael!
O Ver. Márcio Bins
Ely, o nosso jovem Líder trabalhista e promissor Vereador, está com a palavra
em Comunicações.
O SR. MÁRCIO BINS ELY: Estimado Presidente Dr. Goulart, na
pessoa de V. Exª quero cumprimentar os demais Vereadores e Vereadoras desta
Casa, o público que nos assiste pela TVCâmara e nas galerias. É com grande
satisfação, Sr. Presidente, que venho hoje a esta tribuna e me dirijo à sua
pessoa, empossado na condição de Presidente desta Casa, o que é uma grande
responsabilidade que assume V. Exª, pessoalmente, mas também o nosso Partido, o
PDT. Tenho a certeza de que o senhor vai honrar a grandeza dessa
responsabilidade, porque é um homem preparado, e novos e grandes avanços o
esperam.
Eu
quero também, neste momento oportuno da primeira Sessão da Comissão
Representativa desta Casa, dizer que muito me honra essa responsabilidade que
me atribuiu o PDT, de estar fazendo parte do seleto grupo que vai estar
acompanhando as discussões, os debates da nossa Capital durante o período de
recesso, o que é muito importante, porque mantém um canal aberto de relação do
Poder Legislativo com a comunidade que nós representamos.
Gostaria de, inicialmente,
fazer um balanço do ano de 2005. Acredito que foi um ano muito importante, o
primeiro ano que concluo deste meu primeiro mandato e, com muita satisfação,
pude constatar que foi um ano muito importante, Ver. Ervino Besson. Aqui, nesta
Casa Legislativa, aprovamos 53 Projetos do Poder Executivo, o que mostra a
responsabilidade que temos e o entrosamento que tem o Poder Legislativo com o
Poder Executivo e a responsabilidade recíproca dos dois Poderes para com Porto
Alegre. Acredito que avançamos bastante, particularmente no que diz respeito ao
trabalho deste Vereador, do nosso Gabinete, de toda a equipe que compõe a
assessoria parlamentar desse Gabinete; faço aqui o registro do meu
agradecimento, porque acredito que foi um ano muito produtivo.
Tive
oportunidade de participar também, numa responsabilidade que me foi atribuída
pela minha formação de advogado, da Comissão de Constituição e Justiça, em que
pude fazer parte das Reuniões; a Comissão, no conjunto dos debates, analisou
688 Pareceres, dos quais fui autor de 72. Acredito que tenhamos dado também uma
contribuição importante para o debate nesta Casa.
Quero
dizer que fico muito satisfeito em poder estar dando continuidade a esse
trabalho e que vou estar honrando e trabalhando dentro dos ditames da lei,
procurando ser ponderado e fazendo com que os Projetos ora apresentados pelos
nobres Pares possam vir a plenário e que realmente tragam realizações e
conquistas para nossa Capital a partir daquela primeira etapa, que é a
apreciação da Comissão de Constituição e Justiça.
Gostaria
também de registrar um agradecimento àquelas pessoas que confiaram e acreditaram
nesse projeto que é e que foi o mandato popular deste primeiro ano deste
Vereador, aos meus colegas de Bancada - Ver. Ervino Besson, Ver. Mario Fraga,
Ver. Nereu D’Avila, Verª Neuza Canabarro e o nosso querido Presidente, Ver. Dr.
Goulart -, os quais, com a experiência que já acumularam no Poder Executivo ou
no Poder Legislativo, todos eles com um, dois ou mais mandatos, muito me
auxiliaram; enfim, foram uma base de sustentação para este jovem Vereador, que
vem aqui com a boa intenção de dar a sua contribuição para a Cidade. Muito
obrigado à minha querida Bancada.
O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Muito obrigado, Ver. Márcio Bins Ely. Eu tenho dito que o Vereador,
por mais competente que seja, por mais sábio que seja, se não tiver uma
estrutura em seu Gabinete, uma estrutura de homens e mulheres preparados, ele
não consegue fazer nada. E, graças a Deus, todos os Vereadores têm gabinetes
com excelentes profissionais, e mais, há uma estrutura na Casa, profissionalismo
e competência dos funcionários; nós temos que destacar também isso. Por isso a
cidade de Porto Alegre merece, sem dúvida nenhuma, homens e mulheres que têm
essa formação, essa preocupação com a nossa querida Porto Alegre. Sou grato a
Vossa Excelência.
O SR. MÁRCIO BINS ELY: Muito obrigado pelo aparte. O Ver. Ervino
bem me lembrou, agradeci aqui, registrei os cumprimentos e o reconhecimento
pela eficiência da equipe que trabalha em meu Gabinete, mas também quero
reconhecer a eficiência dos servidores da Casa, como bem mencionou o Ver.
Ervino, que muito bem tem nos orientado e dado todo o respaldo necessário para
que possamos desempenhar bem o seu mandato. Agradeço às demais Bancadas, aos
Vereadores de todos os Partidos que ajudaram este Vereador a dar a sua singela
contribuição ao nosso Município.
Desejo também a todos os
porto-alegrenses, senhoras e senhores, um bom ano de 2006, que este seja um
grande ano, é um ano muito importante, é um ano eleitoral, em que vamos estar
renovando as Bancadas de Deputado Estadual, Deputado Federal, Governador de
Estado, Presidente da República. Tenho a certeza de que o ano de 2006 será um
grande ano.
Ainda ontem eu lia nos
jornais da Capital uma frase que bem caracteriza a Liderança do nosso querido
Governador Collares, Deputado Federal Collares: ele dizia que 2006 será um
grande ano, porque não há como não ser melhor que 2005. Não foram bem essas as
palavras, mas, com certeza, o ano de 2005, infelizmente, foi marcado como um
ano em que houve muita corrupção, e, realmente, as lembranças que nós temos
desse ano não são as melhores.
Ainda
com relação à nossa atuação neste Parlamento, quero dizer que também tive a
oportunidade de estar junto às comunidades, alcançando e emprestando auxílio
por meio dos Pedidos de Providências. Conseguimos realizar, durante este ano,
44 Pedidos de Providências relativos a questões mais pontuais, e tenho certeza
de que também demos a nossa contribuição no que diz respeito fundamentalmente a
questões como redutores de velocidade, paradas de ônibus, enfim, remanejos e
limpezas, questões que envolvem pormenores, mas que também são importantes e
que fazem parte deste Legislativo. Tenho certeza de que contribuímos e vamos
estar, neste ano, também implementando esse trabalho junto às comunidades fundamentalmente
mais carentes, que são as que necessitam do nosso apoio, da extensão da nossa
mão para poderem conseguir alguns avanços nas suas comunidades, que, outrora,
são muito carentes.
Quero
dizer que apresentamos cinco Projetos de Lei, dos quais tive a grata satisfação
de ter aprovado o Estatuto da Juventude. Acho que o Estatuto da Juventude é uma
contribuição pioneira que este Legislativo dá ao Poder Executivo como uma
ferramenta para poder implementar suas políticas públicas para os jovens nesta
Capital. Quero dizer que está comprovado o compromisso do Prefeito Fogaça para
com os jovens; com a criação da Secretaria da Juventude está demonstrada a sua
preocupação com a problemática e o seu respeito e interesse para com o
incentivo das políticas públicas de juventude. E nós não poderíamos ter nos
furtado, Ver. Dr. Goulart, de dar a nossa contribuição também.
A
nossa Bancada, por meio deste Vereador, protocolou esse Projeto de Lei, e,
através da participação de praticamente de todos os Partidos desta Casa, com
cerca de 20 Emendas, conseguimos chegar a uma redação final importante. O
Projeto, com certeza, vai servir de ferramenta ao Secretário Mauro Zacher,
Secretário do nosso Partido, que tão bem vem implementando projetos de
reinserção social, como o Pró-Jovem; certamente ele estará trazendo as
conquistas e o norte que dá este Estatuto para a cidade de Porto Alegre, para o
jovem porto-alegrense, a partir deste ano de 2006, implementando essa singela
contribuição deste Vereador. Por meio de experiências européias, experiências
internacionais, conseguimos formatar o texto e, com certeza, nós vamos estar
implementando as políticas ali previstas já no ano de 2006. Quero dizer que
esse foi um Projeto importante, marcou realmente, foi o primeiro Projeto de Lei
- com uma envergadura que considero relevante - que aprovei neste primeiro ano
de mandato, é a principal contribuição.
E,
ao longo desse período, das reuniões, nós vamos estar debatendo também as
demais contribuições, os outros quatro Projetos de Lei que pude apresentar.
Participamos da Comissão que tratou a temática das pessoas portadoras de
deficiência. Quero dizer que faço parte do Lar Santo Antônio dos Excepcionais
na condição de Conselheiro - o Ver. João Antonio Dib conhece o trabalho que
realizamos lá no Lar Santo Antônio -, então não poderia me furtar de participar
da importante Comissão que aqui na Casa debateu essa temática. Foram três
meses, Ver. Dib, e nós tivemos a oportunidade de visitar e de fazer relatos de
colégios, enfim, que atendem surdos e essa problemática da pessoa portadora de
deficiência.
É
fundamental que o Poder Legislativo esteja integrado com o Poder Executivo, e,
mais uma vez, Presidente, o Prefeito Fogaça demonstrou o seu interesse para com
esse tema, criando a Secretaria da Acessibilidade. Veja a sensibilidade do
Prefeito, que deu a relevância e a importância que compete a esse tema, criando
essa Secretaria. E nós também, através do Poder Legislativo, demos a nossa
contribuição, debatendo, trazendo as organizações, as associações para que os
seus anseios pudessem ser escutados por este Legislativo. E tivemos na
relatoria da Verª Neuza Canabarro, Vereadora da nossa Bancada, um excelente
trabalho, registrando ali todos os atos da Comissão. Eu tive a oportunidade,
como mencionei, de fazer parte na condição de titular e tenho certeza, também,
de que muitos avanços vai trazer, e, como subsídio, como ferramenta, os relatos
desse trabalho vão servir para que a Secretaria de Acessibilidade possa
implementar e impor ao Poder Executivo as mudanças que necessitamos para área
das pessoas portadoras de deficiências.
Muito
obrigado. Um bom ano a todos, e sucesso na sua gestão, Presidente. Conte com o
apoio deste Vereador e, tenho certeza, dos demais, para que, com êxito, possa
completar este importante ano à frente da presidência desta Casa Legislativa.
Um grande abraço a todos. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado.
Esse foi o Ver. Márcio Bins Ely, que se destacou por belos Pareceres na
Comissão de Justiça.
A
Verª Margarete Moraes está com a palavra em Comunicações.
A
SRA. MARGARETE MORAES: Querido
Vereador-Presidente, Dr. Goulart; Vereadoras e Vereadores, senhoras e senhores.
Eu queria lhe dizer, Presidente, em primeiro lugar, que, antes da sua posse, eu
fui entrevistada pelo jornal Zero Hora sobre a minha impressão em relação à sua
figura. E eu disse que, em nome da Bancada do PT, nós não nos posicionamos
antes, pois era apenas uma questão de data, se seria primeiro o PMDB ou o PDT,
e nem em relação aos nomes. Disse que não queria me referir à sua condição de
médico, porquanto é uma condição bastante conhecida - tenho certeza de que o
seu belíssimo trabalho como médico é uma das razões da sua belíssima votação
sempre. Eu queria falar na questão cultural, que não é muito conhecida: o amor
que V. Exª tem à Literatura, à música, pela sua sensibilidade como compositor e
como poeta. Assim como o Ver. Adeli Sell é um grande conhecedor da nossa
Literatura, é um especialista, o senhor expressa isso em seu discurso, mas as
pessoas não sabem desse lado da sua personalidade. E disse que, evidente, o
senhor é uma pessoa democrata, cordial e civilizada, e isso é muito bom.
Então,
nesta primeira Sessão expresso o meu desejo mais sincero de que sejam
concretizadas, realizadas as suas metas na condição de Presidente desta Casa,
sobretudo uma que eu julguei da maior importância, que é descentralizar a Casa,
de se aproximar ainda mais da população de Porto Alegre, realizando Sessões nos
diversos bairros da Cidade, isso é muito positivo.
Eu
também quero dizer, Ver. Dr. Goulart, que esta Casa deve estar sempre
disponível às populações, ela deve estar disponível ao uso das Comissões, Ver.
Raul Carrion, independendo da posição da Mesa em relação a determinado Vereador
e às suas posições, porque algumas Comissões aqui, Ver. Adeli, foram punidas no
ano passado, porque queriam trabalhar, queriam utilizar os espaços da Casa para
Audiência Pública, quero dizer que isso aconteceu de fato com a CUTHAB e com a
CECE. Eu tenho certeza de que, na condição de democrata, isso não acontecerá
mais.
Ver.
Dr. Goulart, pode contar - e aqui eu tenho a audácia de falar também em nome do
PCdoB, do PSB - com a Bancada da Frente Popular, com todo o amor que nós temos
pela Cidade, com a nossa responsabilidade.
Agora
vou colocar algumas questões pontuais e lamentar o que houve no Réveillon da Usina do Gasômetro, porque
eu tenho muito amor pela Cultura na nossa Cidade, e a idéia do Réveillon foi minha, minha pessoal, e
foi criada, claro com o apoio de todo o Governo, inspirada em várias Cidades do
Interior, inspiradas em Cidades como Lisboa, como Nova Iorque, como Veneza.
Numa data tão simbólica - significa uma nova vida a partir de um novo ano -, as
pessoas desejam um novo ano muito melhor do que o anterior; significa também o
espaço público no sentido republicano. O espaço público é de todos e de todas e
deve ser valorizado, deve ser fluido. E nunca ocorreu nenhum tipo de
insegurança no Réveillon da Usina do
Gasômetro.
Infelizmente,
este ano, houve o enfrentamento de gangues na Usina, e muitas pessoas saíram
feridas. Eu acho que isso é responsabilidade do Poder Público. Quem faz uma
festa desse porte tem de se precaver com segurança contratada, além de
segurança da Brigada Militar. Então, foi a primeira vez, na história da Cidade,
que aconteceu essa falta de segurança. Eu já estou temendo pelo Baile da
Cidade, que acontece no aniversário. Talvez isso seja porque a Direção da Usina
- eu tenho batido nisso -, o Sr. Caco Barcellos, não tem cuidado da Usina. Ele
é um CC, Ver. João Antonio Dib, e trabalha em peças de teatro no Rio de
Janeiro, de quinta a domingo, e, agora, vai trabalhar em São Paulo. Falaram-me
que o Secretário Sérgius vai demiti-lo, porque não aceita esse tipo de postura,
e nem deve aceitar mesmo.
Agora
mesmo, ele realizou uma festa heavy na Usina. A Usina é um bem tombado,
faz parte do Patrimônio Cultural Histórico da cidade de Porto Alegre. A Usina
não é para festa, muito menos para uma festa heavy. A Usina não tem
vedação acústica e nem precisa ter, porque não é para acontecer festa heavy.
Aconteceu das 23 horas às 10 horas do outro dia, sem vedação acústica, com
ingressos, Ver. Adeli, a 15 reais, 25 reais, e ninguém sabe, ninguém viu para
onde foi o dinheiro desses ingressos. Eu imagino que tenha sido para uma
produtora.
O
Sr. Adeli Sell: V. Exª
permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Verª Margarete, eu quero
confirmar o problema de conduta que está havendo em relação à Usina do
Gasômetro. Atividades indevidas que cruzam a madrugada, atividades estranhas à
cultura, como V. Exª bem colocou. Além disso, ao lado da Usina, nós temos a
Marina Pública. Houve também duas festas heavy na Usina do Gasômetro, e
todos os moradores da ponta do Gasômetro, durante dois dias, não conseguiram dormir.
Não há base legal para emprestar um local público sem proteção acústica para
fazer esses eventos. Eu quero saber onde anda o Secretário Beto Moesch, nosso
colega Vereador que é costumeiro, useiro e vezeiro de fazer discurso a favor do
meio ambiente e deixa acontecer isso na cidade de Porto Alegre.
A
SRA. MARGARETE MORAES: Obrigado, Ver. Adeli. Também quero solicitar
apoio ao Ver. Elias Vidal, que se bate na sua vida tanto contra as drogas, em
relação a isso que está acontecendo lá na Usina do Gasômetro, esse tipo de
festa, esse tipo de trabalho.
Ontem,
na página 3 do jornal Zero Hora, colocaram a sobre a inundação, e eu quero
dizer que eu estava bem ali, junto com o Ricardo, meu motorista, e não havia
nenhum “azulzinho” orientando o tráfego. Então o Centro Municipal de Cultura
foi inundado, e lá tem biblioteca, e lá tem o Atelier Livre da Prefeitura, que
já foi queimado nesta gestão.
Quando
o Secretário assumiu, ele fez uma queixa em relação à Secretaria Municipal da
Cultura: “Como uma biblioteca não tem climatização?” Eu disse que ele tinha
toda a razão, que nós tentamos construir um processo de climatização e que foi
impossível, porque é concreta a parede, etc.; talvez, até, por incompetência
nossa. Imagino que, hoje, já haja climatização. Agora, eu vou saber e vou lá,
hoje, para ver como está o estado dos livros da biblioteca e do Atelier Livre.
E
também vou fazer uma pesquisa sobre os jornais, sobre os jornais dos 16 anos da
Administração Popular e sobre os jornais de hoje em relação às inundações,
porque, quando havia chuva, sempre a culpa sobre as inundações era da
Administração Popular. Agora, a culpa é da chuva. E o Ver. Bernardino diz que
nós temos que entender isso, e é verdade. Agora, além dos jornais, eu vou
trazer os discursos dos Vereadores desta Casa que jamais compreenderam o índice
pluviométrico que existia, porque o que acontecia era sempre culpa da nossa
Administração. Nós erramos e acertamos, mas melhoramos muito a situação
relativa aos alagamentos.
Outra
questão: ontem eu participei de um debate com a Verª Clênia, com o Ver. Raul
Carrion, fiz um pedido a ela, Ver. Dr. Goulart, e queria fazer este pedido ao
senhor: que o Secretário Cézar Busatto compareça a esta Casa e nos explique o
que é a Governança Local Solidária, porque nós, da base de oposição, não
sabemos. Acho que é um direito político do atual Governo ter as suas políticas
próprias, mas mantendo e valorizando o Orçamento Participativo, em primeiro
lugar, conforme foi prometido em campanha. Se nós, da oposição, não sabemos, a
fundo, o que é a Governança Local Solidária, ela fica sendo malcompreendida.
Eu, por exemplo, avalio que isso significa entregar as funções, as atribuições
do Poder local, do Poder Público, à iniciativa privada. Isso é a volta, é o
retorno das políticas neoliberais a Porto Alegre.
Também
perguntei e não obtive resposta a isto: por que as creches da nossa Cidade
estão sob a responsabilidade do gabinete da Primeira-Dama? Coloco-me contra
isso, considero que é uma política de balcão, é um retrocesso político e
democrático na vida de Porto Alegre.
E
uma última questão: eu queria me referir ao Memorial dos Mortos e
Desaparecidos, aquela obra pública que há ali no Parque Marinha, que foi
realizada através de concurso, uma obra do escultor Luiz Gonzaga. Todos os dias
31 de março - V. Exª, Sr. Presidente, que conhece a história do trabalhismo,
sabe que foi o dia do Golpe - nós fazemos um ato muito comovente naquele local.
No ano passado, eu fiz um Pedido de Providências para que fosse realizada a
limpeza do local. Não recebi resposta, e não foi feita a limpeza. Neste ano, eu
já fiz o segundo Pedido de Providências e quero dizer que, se até 1º de março
não tiver sido feita essa limpeza, vou convocar os artistas plásticos da Cidade
e todas as pessoas que amam a democracia para fazer uma limpeza, para que, no
dia 31 de março, esse local esteja em condições de homenagear os mortos e
desaparecidos políticos na época da ditadura.
Desculpem-me por eu passar
do tempo, mas quero dizer que assumi a Presidência num ano difícil, porque era
um ano eleitoral - e é o seu caso, Ver. Dr. Goulart -, mas, Ver. João Antonio
Dib, eu não recebi nenhum problema da sua gestão, havia apenas questões normais
que exigiam continuidade. Quero lhe agradecer por isso e dizer que o meu maior
desafio era substituí-lo, porque V. Exª é a maior figura desta Casa, e nós
reconhecemos isso. Assim como não deixei nenhum problema ao Ver. Elói, graças
às Diretorias, às equipes.
Na DPF eu quero fazer uma
homenagem ao Damin - que infelizmente não está mais conosco -, porque eu sabia
que estava tudo perfeito quando ele estava aqui. Depois ao Wilmar, que o
substituiu. Quero dar os parabéns à DL - à Rosi, à Inês, à Ana e à Vera. Se V.
Exª tiver alguma dúvida e conversar com elas, Sr. Presidente, vai ser perfeito
na sua gestão, porque nós temos muitas dúvidas em relação ao Regimento. Quero
agradecer ao Adalberto, à Sônia - hoje Secretária da SMA -, ao Sérgio, pela sua
integridade - ele sempre tem suas posições, é um funcionário excelente, de
grande integridade -, ao Joni,
sempre disponível. Quero desejar a toda a Câmara Municipal de Porto Alegre
sucesso, dignidade, coerência, ética, respeito - está faltando isso na vida
política; o Ver. Dib tem toda a razão quando se refere ao Congresso Nacional -,
espírito republicano, amor à Cidade, para todos nós. Gostaríamos de registrar
que temos muita confiança, Sr. Presidente, e queremos ajudar V. Exª naquilo que
conseguirmos. Temos absoluta confiança na sua pessoa, Ver. Dr. Goulart. Muito
obrigada.
(Não
revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Raul Carrion, que se destaca por
proteger os assentamentos habitacionais e defender a soberania nacional, está
com a palavra em Comunicações.
O SR. RAUL CARRION: Exmo Ver. Dr. Goulart,
Presidente da nossa Casa; já tive oportunidade de parabenizá-lo na Sessão de
sua posse e reitero aqui os votos de um frutífero trabalho, que certamente se
realizará.
Quero
rapidamente referir, depois de escutar alguns oradores aqui no seu pessimismo
em relação aos caminhos do Brasil, alguns dados interessantes. O Brasil que o
Governo Lula tomou para governar tinha o dólar já beirando os 4 reais, e hoje
ele está em 2,33 reais, e, apesar de dizer que o dólar está baixo e que por
isso prejudica a economia brasileira, chegamos a um superávit na balança
comercial, Ver. Dr. Goulart, de 44,76 bilhões de dólares. São mais de 100
bilhões de reais, conseguindo o Brasil que 55% sejam manufaturados, e a nossa
dependência em relação aos Estados Unidos, Ver. João Dib, na composição desse
superávit primário, baixou de 26% para 21%, ou seja, abrimos novos mercados.
Devemos
recordar um pouquinho o começo do Governo Lula, quando ele afirmou a soberania
nacional, e veio um subsecretário norte-americano e disse que o Brasil, se não
entrasse na ALCA, iria comerciar com os pingüins! Não sei se V. Exª recorda
disso. Bom, esse senhor agora está vendo que quem vai ter que negociar, quem
sabe, com os pingüins, dentro de algum tempo, são os Estados Unidos da América,
porque o Brasil vai muito bem, crescendo, vai-se desenvolvendo, comerciando com
o mundo.
Também,
se olharmos os juros, quando o Lula assumiu, eles eram de 26% e hoje estão
baixando - menos rápido do que queremos, Ver. Dr. Goulart - de forma concreta,
séria. O risco-Brasil, quando saiu o “Fernandinho II” - o “Fernandinho I” foi o
Collor de Mello -, era de 2.700 pontos e hoje é de menos de 300 pontos. No
empréstimo externo, a taxa de risco acima do juro, no tempo do Fernando
Henrique, era de 27% e hoje é de 3%. São coisas incontestáveis. O Brasil hoje
pagou ao FMI adiantado, não renovou o contrato com o FMI que foi herdado do
“Fernandinho II”, e o Brasil andava beijando a mão dos inspetores do FMI que
vinham aqui. Hoje, o Brasil é dono do seu próprio nariz, do seu destino, da sua
política econômica, dos seus caminhos! Pagará uma dívida de décadas com a ONU,
Ver. Dr. Goulart, a dívida que os Governos neoliberais montaram! O Brasil vai
dizer: “Não somos mais devedores da ONU”. O Brasil vai pagar ao Clube de Paris,
só neste ano, 2,5 bilhões de dólares, e a dívida externa pública hoje é apenas
111 bilhões de dólares. Só falei de alguns ganhos, da recuperação, há o
fortalecimento do Mercosul, fortalecimento da integração latino-americana, em
prol da qual os nossos avós lutavam - “a América Latina é uma grande nação”! -,
fortalecimento da articulação dos povos do Terceiro Mundo.
Este
é o Brasil! Um Brasil que, hoje, é soberano! Um Brasil que, hoje, de frente
erguida, vai a qualquer encontro internacional e é considerado uma liderança na
OMC, uma liderança dos povos oprimidos pelo imperialismo norte-americano e pelo
imperialismo europeu. Por isso nós podemos dizer que nos orgulhamos do ano de
2005. Muita sujeira apareceu, sujeira que estava “debaixo do tapete”, que vem
de décadas de podridão das elites deste País, dessas elites que se levantam
contra o Governo Lula, porque não querem mudanças! Mas essas mudanças, com
todas as dificuldades, talvez não no ritmo que nós gostaríamos, estão
caminhando. Eu tenho certeza de que 2006 realmente será um ano de grandes avanços
para o nosso País, porque, quanto ao que tinha que ser feito, Ver. Dib, ou
seja, consertar a tapera insidiosa que foi entregue neste País para o Governo
Lula, pelo menos foi limpo o terreno, colocados os alicerces, e o Brasil terá
um 2006 que todos nós desejamos.
Mas
o que eu queria fazer mesmo - desviei-me um pouco do conteúdo - é uma prestação
de contas aos Vereadores desta Casa, mas principalmente à cidade de Porto
Alegre, sobre o trabalho que realizamos na CUTHAB no ano passado, com todas as
dificuldades, como muito bem disse a Verª Margarete Moraes. Éramos acusados de
querer ocupar todos os espaços da Casa, de trabalhar demais, de fazer reuniões
demais, de convocar demais os Secretários desta Cidade. Talvez alguns
quisessem, Ver. Dr. Goulart, uma CUTHAB “chapa-branca”, que dissesse amém, que
não cobrasse do Poder Público Estadual, Municipal e Federal aquilo que eles
devem à nossa população.
Então, vou fazer um breve balanço do trabalho da
Comissão de Urbanização, Transporte e Habitação - CUTHAB -, que por três vez
presidi. Eu saio com a cabaça erguida de ter trabalho pelo povo de Porto
Alegre. Fizemos 56 reuniões, Ver. Dr. Goulart, 18 delas extraordinárias, Ver.
Dib, fora dos horários previstos, porque a comunidade exigia de nós o trabalho;
algumas no recesso, e não foram poucas. Exaramos 214 Pareceres; expedimos 227
correspondências; fizemos uma Audiência Pública com a Caixa Econômica Federal
sobre seus programas habitacionais, para que as comunidades conhecessem as
possibilidades de acesso; duas reuniões, uma com o DEMHAB, outra com a EPTC
nesta Casa para que apresentasse os seus projetos; inúmeras reuniões nas
comunidades, à noite, no fim de semana, fora do horário de trabalho da Casa.
Fizemos audiências na Assembléia; no Ministério Público; com juízes, em casos
de despejos; com Secretários, com a Secretaria da Segurança; com o Sr.
Prefeito, como no caso do Quilombo da Família Silva. Foram mais de cinqüenta
comunidades atendidas, envolvendo interesses vitais de mais de 10 mil famílias,
talvez - não tenho um cálculo preciso - 20 mil famílias.
Entre essas ações, destacamos um amplo debate sobre
o reajuste das tarifas de ônibus; quando em todos os Estados incendiavam
ônibus, conseguimos um encaminhamento junto com a Prefeitura e com os
empresários, evitando isso. Fizemos um amplo debate sobre a revitalização do
Centro, inclusive um Seminário, de um dia, para o qual não conseguimos local
nesta Casa, Ver. Dr. Goulart - espero que na sua gestão, seja a CUTHAB ou outra
Comissão, como disse a nossa Verª Margarete, tenha esse espaço, porque é para
isso que ela existe -, com a participação dos moradores do Centro, lojistas,
artesãos, comerciários, portuários, transportistas, administradores públicos
estaduais, municipais e federais. Realizamos um amplo debate sobre a
revitalização do Porto, inclusive operacionalmente. O porto de Porto Alegre,
Verª Margarete, está na chamada Região Metropolitana, que correspondem a 80% do
PIB estadual. Poderia estar escoando por aqui, estar escoando por caminhão. E, agora, com a abertura do porto - se
não me engano - em Santa Catarina, haverá o risco de perdermos, inclusive, o de
Rio Grande, se todo o Norte produtor escoar por Santa Catarina. Então, nós
temos de revitalizar, não só fazer um local para a arte e a cultura, que são importantes,
mas que esse porto passe a ser um porto de cargas que cumpra grande função.
Queremos
fazer um amplo debate sobre a pista do Aeroporto, que é de interesse de toda a
Cidade, e sobre o reassentamento de três mil famílias da Vila Nazaré, da Vila
Dique e de uma parte que terá de sair da Vila Floresta. E conseguimos, Ver. Dr.
Goulart, quero dizer aqui, alto e bom tom, que no dia 30 de dezembro, se não me
engano, fosse assinado o convênio para não perder as verbas que a nossa
Bancada Federal tinha conseguido. No início de dezembro, fizemos uma
reunião, mas nada havia andado: a Prefeitura não tinha os planos de trabalho, o
Governo não tinha os planos de trabalho. Fizemos duas reuniões em dezembro,
sendo uma delas já no recesso, para conseguirmos que as coisas se agilizassem.
E isso graças à boa vontade do Ministério das Cidades, porque o Governo do
Estado não se habilitou para receber esses recursos. De última hora, o
Ministério teve de repassar o dinheiro, que era por Estado, para a Prefeitura,
para garantir a assinatura.
Solicito
o meu tempo de Liderança para concluir o meu pronunciamento.
O
SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Concedo
a V. Exª o tempo de Comunicação de Líder.
O
SR. RAUL CARRION:
Fizemos um amplo debate sobre alternativas para o comércio informal; tivemos de
fazer na Federação dos Comerciários, pois esta Casa não tinha lugar para nos
receber. Lá, com o Secretário Idenir, com os empresários, com os trabalhadores
do comércio, com os camelôs, construímos idéias que vieram a ser aprovadas -
algumas, não todas - aqui na votação do Centro Popular de Compras.
Fizemos
um amplo debate sobre o Projeto Integrado Socioambiental, que a imprensa
noticiou que estava suspenso pelo Governo Municipal. Trouxemos o debate,
realizamos a reunião lá na Caixa Econômica Federal, Ver. Dr. Goulart, porque
aqui não havia lugar para a Comissão. Pois bem, lá, o Governo Municipal assumiu
o compromisso de dar continuidade, disse que, na verdade, não estava
interrompido.
Fizemos
um amplo debate sobre o Projeto Integrado Entrada da Cidade, em relação ao qual
a comunidade nos trouxe preocupações, como o fato de que não vai haver piso nas
casa, não vai haver acabamento interno, não vai haver azulejos, porque, diz o
Governo, o dólar baixou, e os recursos diminuíram. Mas também vai diminuir o
custo para pagamento do empréstimo, então é possível buscar outros recursos.
Tivemos reclamações sérias da comunidade sobre a falta de diálogo com a
Prefeitura.
Fizemos
um amplo debate para solucionar a questão da Rua Atilio Supertti - as 216 famílias.
Agora, a terra foi comprada, e os projetos estão em andamento. Essa Comissão
foi à luta para solucionar a questão da família Silva, Ver. Dr. Goulart - o
primeiro quilombo urbano a ser reconhecido no Brasil -, que estava para ser
despejada. Tivemos audiência com o Tribunal de Justiça, com o Prefeito, com o
Governador, com o Secretário de Segurança, juntamente com outros órgãos, e
conseguimos, há poucos dias, a assinatura do reconhecimento definitivo desse
quilombo.
Fizemos
diversas ações para evitar o despejo em diversas comunidades, conseguindo
solução pela negociação, conseguindo solução por reassentamento. Eu não tenho
tempo para tratar de cada uma delas, então, vou citar algumas: ocupação
Protásio Alves, ainda se encontra em processo de negociação, são mais de mil
famílias; Santa Mônica, 90 famílias reassentadas; ocupação Eduardo Prado, há o
compromisso do Governo Municipal de aquisição dessa área e do assentamento no
mesmo local de 50 famílias; Cohab Costa e Silva, 100 famílias; Residencial Vitória,
no final da Av. Ipiranga, 50 famílias; Parque dos Maias, 300 famílias; ocupação
Vila Anita, 50 famílias; ocupação Vila da Conquista, 140 famílias; Morada do
Sol, mais de 100 famílias; Riacho Doce, 20 famílias; Vitória da Conquista, 700
famílias - uma área da BR Distribuidora, fomos até Brasília, na Casa Civil,
estamos em contato com a BR Distribuidora, no Rio de Janeiro; Vila Progresso;
Travessa Comendador Travasso, 11 famílias - nós não atendemos só as grandes
comunidades, nós atendemos de 11 a mais de mil famílias; Rua Edwino Dewes, 50
famílias; Jardim Stella Maris, nesse caso, havia despejo, ordens de
reintegração de posse, e esta Comissão impediu e conseguiu uma solução; ações
de regularização ou reassentamento; Vila dos Ferroviários, ainda em tramitação;
Túnel Verde, tudo indica que, até o final do ano, será solucionado; Recanto da
Lagoa; Residencial Dom Pedro; Residencial Santa Fé; Jardim da Amizade; Jardim
Leopoldina II, aquele problema com mais de mil famílias que pediram a nossa
intervenção, nós fizemos uma reunião, parece que as questões foram
solucionadas; Quinta Unidade da Restinga; Jardim dos Coqueiros; Unidão; Túnel
Verde II; Nossa Senhora das Graças; Vila Júlia; Vila Hípica; Vila Amazônia;
Vila São Pedro; Parque das Figueiras, ações em relação a situações de risco;
Jardim dos Coqueiros; Chácara da Fumaça; Rua 1, da Ponta Grossa, problemas de
transporte; Movimento Acorda Restinga, com milhares de assinaturas; bairro São
João; taxista da Lomba do Pinheiro.
Quero
dizer, portanto, Ver. Dr. Goulart - encerrando este tempo -, que nós concluímos
o nosso trabalho à frente da CUTHAB com grandes êxitos, e quero parabenizar os
Vereadores que nos acompanharam na Comissão. Nós, neste novo ano Legislativo,
estaremos trabalhando em outra Comissão, a CEDECONDH, que agora também é da
questão da Segurança urbana. Decidimos fazer isso, Ver. Dr. Goulart, para
permitir que a nova Direção da CUTHAB dê segmento a esse trabalho, para que não
fique essa Comissão personalizada por quem já foi três vezes seu Presidente e
que é reconhecido na Cidade e nesta Casa como um Vereador dedicado a essa
questão da reforma urbana. Mas estaremos na CEDECONDH também trabalhando nesse
campo, porque é das suas atribuições também a questão da terra e da habitação
nesta Cidade. Então, estaremos fazendo lá um trabalho complementar, e, a
qualquer momento, os Vereadores da CUTHAB contarão conosco, assim como as
comunidades, seja na CUTHAB, como Vereador desta Casa, seja na CEDECONDH, em
que também, nas suas atribuições, trataremos dessa problemática.
Muito
obrigado. Desejamos um grande trabalho à nova Direção da CUTHAB e novamente ao
nosso Presidente, grande Ver. Dr. Goulart.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O
Ver. Professor Garcia está com a palavra em Comunicações. O Ver. Professor
Garcia foi muito importante na transição, nas articulações da Casa e deverá ter
uma grande satisfação logo em seguida com a inauguração do Centro de Lazer da
3ª Perimetral, que foi um dos seus belos Projetos.
O
SR. PROFESSOR GARCIA: Prezado
Presidente Dr. Goulart, Srª Verª Margarete, Srs. Vereadores; primeiramente,
Presidente, queremos parabenizá-lo, agora de forma explícita para toda a
população da Cidade, e desejar-lhe sucesso. Sabe que pode contar com este
Vereador para todos os pleitos, porque esta Casa se constrói, na realidade, na
articulação, na formatação e na compreensão e no bom senso dos 36 Vereadores.
Vossa
Excelência citou a 3ª Perimetral, e é verdade, no dia 21 de outubro de 2002, nós
ingressamos com um Projeto de Lei que dispõe sobre o uso de corredor de ônibus
da 3a Perimetral para a prática de lazer e recreação por parte da
população de Porto Alegre. Após muitas discussões, o Prefeito Fogaça e o
Secretário Senna, do Transporte, vão agora, no dia 15 de janeiro, fazer a inauguração
parcial desse projeto. Aos domingos, o corredor de ônibus, na área compreendida
entre a Av. Ipiranga e a Av. Salvador França, até a Rua Barão do Cotegipe, que
é onde fica a sede da Sogipa, vai ficar livre para que a população de Porto
Alegre possa utilizá-lo para ciclismo, para andar de skate, para
caminhar, para tomar chimarrão, para conversar, para fazer o seu footing.
Entendemos que, com isso, a população tem muito a
lucrar. E eu quero, de público, agradecer ao Prefeito Fogaça por essa compreensão,
agradecer ao Secretário Senna e dizer que esse Projeto de Lei que está aqui na
Casa agora perde o seu sentido. Nós dissemos para o Prefeito: “Tão logo isso
seja aplicado, nós retiraremos o Projeto, porque estará sendo incorporado à
Cidade”. O ato de inauguração desse evento será realizado no Jardim Botânico,
juntamente com a Faculdade de Educação Física da UFRGS, próximo à residência da
Verª Margarete Moraes, no dia 15, às 9h da manhã. Então, esse espaço, todos os
domingos, será um espaço da população de Porto Alegre; é uma luta antiga nossa,
de mais de três anos. Acreditamos que a população tem muito a ganhar com isso.
E esperamos que nos próximos meses, com a conclusão da 3a
Perimetral, realmente todo aquele espaço de 12 quilômetros possa vir a servir
como mais um espaço de lazer e recreação para a população de Porto Alegre.
Sr. Presidente, hoje, os jornais de circulação do
nosso Estado falam sobre a possibilidade do aumento, novamente, dos
combustíveis. Hoje passei toda a manhã falando nisso: das 8h às 9h da manhã
estivemos na Rádio Guaíba, no programa do Flávio Alcaraz Gomes; e, das 9h15 min
até às 11h, na Rádio Bandeirantes, no programa do Renato. Falamos sobre essa
possibilidade de aumento do preço dos combustíveis em Porto Alegre e no Rio
Grande do Sul.
Bom, primeiramente nos causa surpresa, porque, no
momento em que se reduz em
um ponto percentual o aumento do ICMS, de 29% para 28%, o valor presumível do
preço da gasolina que era de 2,88 reais passa para 2,76 reais, isso não
justifica querer aumentar em cinco, seis centavos, como os distribuidores estão
fazendo, em função do aumento do álcool anidro. Ora, sabemos que realmente
aumentou o álcool, mas, nessa proporção em que aumentou o álcool e na proporção
em que está sendo diminuído o ICMS, não há nenhum fato novo para que possamos
aumentar o combustível em Porto Alegre. Então, quero deixar aqui, desde o
início, o meu registro de insatisfação se os postos entenderem de fazer esse
aumento. Hoje nos postos de combustíveis em Porto Alegre o preço mais alto é de
2,67 reais, e o mais barato é de 2,57 reais, estando numa média de 2,62 reais.
E
já começamos hoje também a fazer um chamamento para a população de Porto
Alegre, porque o preço de combustíveis em Porto Alegre, que nós já achamos
caro, está 17 centavos mais barato do que na grande maioria dos postos do
Litoral. Então, nós vamos começar mais uma vez a campanha: não abasteça no
Litoral. Não abasteça no Litoral, ou seja, aqueles que vão nos fins de semana
abasteçam em Porto Alegre - dá para andar suficientemente, porque os nossos
carros felizmente têm uma boa autonomia. Nós temos que fazer os revendedores do
Litoral saberem que não adianta eles acharem que vão ter um lucro fácil agora,
porque é temporada de verão; que vão poder explorar um pouco mais a população.
A população já não agüenta isso. Então, aqueles que puderem encham o tanque,
abasteçam em Porto Alegre, vão para o Litoral e retornem, porque eu tenho
certeza de que, se nós conseguirmos fazer isso por três semanas... Eu gostaria
de utilizar esta tribuna dizendo que os preços do Litoral estão parecidos com
os de Porto Alegre, é isso que se busca.
Para
finalizar, Sr. Presidente, quero falar da questão da Operação Tapa-Buraco, que
está sendo feita pelo Governo Federal e que me surpreende muito. Por que isso
não foi feito em 2003? Por que não foi feito em 2004? Por que não foi feito em
2005? Ora, em 19 de dezembro de 2001 foi sancionada a lei da CIDE, que é a
Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico. A CIDE prevê que parte do
dinheiro arrecado seja justamente para a melhoria das vias tanto estaduais como
federais. Entrou no Orçamento de 2002 para 2003, e não foi feito; entrou no
Orçamento de 2003 para 2004, e não foi feito; de 2004 para 2005, e não foi
feito. Agora vai ser feito em 2006. E há uma preocupação: não vi nenhum
processo de licitação. Vai ser feito em caráter emergencial, sem o processo
licitatório. Agora, de qualquer maneira, pelo menos nós sabemos que o dinheiro
da CIDE vai ser investido.
O
Sr. Adeli Sell: V. Exª
permite um aparte? (Assentimento do Vereador.) Nobre Vereador, por falar em
falta de processo licitatório, penso que V. Exª deve ler o Diário Oficial de
Porto Alegre, houve a compra de toner
para as máquinas copiadoras da Prefeitura sem licitação, por dispensa, pelo art.
nº 24, inciso IV, da Lei nº 8.666. Vossa Excelência sabe que isso é calamidade
pública. Também foi comprado sabão em pó para máquina de lavar roupa com
dispensa de licitação por calamidade pública. Eu acho que isso, sim, é uma
calamidade maior do que os alagamentos que houve em Porto Alegre.
O
SR. PROFESSOR GARCIA:
Vossa Excelência quer desviar o foco da minha fala. Agora, calamidade pública é
o que nós vivemos neste Brasil, com tantos e tantos buracos.
O
Sr. João Antonio Dib: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do Vereador.) Ver. Professor Garcia, o
Ver. Adeli Sell falou no art. nº 24 da Lei nº 8.666.
O
SR. PROFESSOR GARCIA: A
lei das licitações.
O
Sr. João Antonio Dib:
Ela fala em calamidade pública ou emergente. O Prefeito Raul Pont, usando isso
para contratar médicos, enfermeiros e outras coisas mais, foi condenado, em
primeira instância, a oito meses e dez dias de cadeia. Em segunda instância,
ele ganhou. Teve sorte. Saúde e PAZ!
O
SR. PROFESSOR GARCIA: Eu
acho que, depois, o Ver. Adeli virá aqui e irá fazer a sua denúncia, porque eu
acho importante; inclusive, a nossa missão, como Parlamentares, é fiscalizar.
Essa é uma das atribuições mais sérias do Parlamentar. É por isso que eu vim
aqui para fazer isso.
Nós
gostaríamos de saber sobre esse dinheiro da CIDE. Todos os anos, a cada momento
que se vai num posto de combustível, ele é descontado. Por que é que ele veio
com três anos, formando um bolo? E por que não foi feito um processo de
licitação? Ora!
Agora,
o caráter emergencial... Será que esses buracos começaram agora? Não! Nós
sabemos que há muitos e muitos anos a situação das nossas estradas federais -
eu não estou dizendo que seja culpa deste Governo, pelo contrário! - tem-se
agravado. Há quantos e quantos anos não é feita nenhuma melhoria? O que eu acho
injusto é a população ser cobrada de um tributo e não ter a contrapartida
necessária. Porque, se a população soubesse onde está sendo aplicado o dinheiro
das suas contribuições e houvesse as melhorias, não haveria essa choradeira. Agora,
o que não dá é estarmos todos os dias pagando, pagando e pagando e não vermos a
contrapartida. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Senhores,
agora pede tempo de Liderança pelo seu Partido, o PT, aquele que foi titular da
SMIC, que fez um belo trabalho naquela posição, o nosso erudito Ver. Adeli
Sell.
O
Ver. Adeli Sell está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. ADELI SELL: Meu caro
Presidente, Ver. Dr. Goulart; meu caro Ver. João Dib, minha amiga Margarete
Moraes, hoje o Sindicato dos Bancários publicou nota na imprensa em que, num
apedido, fala da discriminação no Banrisul. Faço questão de ler: “Na madrugada
de 24 de dezembro, a Diretoria do Banrisul, nomeada pelo Governador Germano
Rigotto, concedeu um prêmio de dois salários para um grupo de 253 funcionários.
Os demais 8.250 empregados, que também atingiram metas, não receberam essa
premiação, sendo tratados como se fossem de segunda classe.
“As
entidades sindicais repudiam a discriminação praticada pela Direção do banco e
reivindicam igualdade de tratamento para todos os funcionários. O Banrisul é um
banco público que não discrimina clientes, viável, lucrativo e voltado ao
desenvolvimento econômico e social do Estado.
“Segunda-feira,
dia 9, assembléias organizativas em cada sindicato; Porto Alegre, 19h, Clube do
Comércio; terça-feira, dia 10, Dia Nacional de Mobilização com paralisações.
Federação e Sindicatos dos Bancários do RS/ Sindicato dos Bancários de Porto
Alegre, filiado à Central Única dos Trabalhadores, CUT.”
Esta
é a nota paga hoje nos jornais. Eu também acho uma discriminação, eu tenho
conta no Banrisul, sempre tive e não vou tirar, porque é um banco nosso, mas
eu, como cliente e contribuinte deste Estado, me acho discriminado.
Sinceramente me acho discriminado. Solidariedade aos bancários e, em especial,
aos bancários e servidores do Banrisul.
Senhoras
e senhores, observem a nossa Cidade. Do nobre Ver. Sebenelo, que não está nesta
Sessão, eu iria cobrar os alagamentos da Cidade, porque ele foi useiro e
vezeiro aqui de profundas críticas à Administração Popular. A Administração
Popular tinha responsabilidades? Tinha. Quem é gestor público tem que assumir
os ônus e os bônus da sua administração, mas nós iniciamos as obras do Conduto
Forçado que continuam - com problemas, mas continuam. Agora, boca-de-lobo: a
Administração Popular, que era acusada de pintar o meio-fio, limpava-os; está
faltando a limpeza das bocas-de-lobo.
Vou
mandar estas notas taquigráficas à Administração, porque eu gosto de dialogar,
porque, quando fazem alguma coisa correta, evidentemente, eu aplaudo, como
aplaudi o cartão de Natal que nós recebemos da EPTC, com uma proposta educativa
de como cruzar uma faixa de segurança. É verdade que as duas crianças estavam
atravessando sozinhas; vou sugerir que, na próxima vez, a propaganda seja
melhorada: com um adulto acompanhando-as, porque assim é que deve ser feito de
fato. Mas elogiei ontem na rádio e vou elogiar aqui, como também estou dando
parabéns ao Secretário Cecchin, ao Secretário Senna, pela retirada dos
ambulantes da Rua Vigário José Inácio. Na minha época, eu tirei 16 ambulantes,
porque a lei mandava, e a lei manda tirar todos; os últimos foram retirados
agora, acho que dei a minha contribuição também tirando parte deles, como
mandava a lei.
Mas
eu queria, Ver. Dib, referir-me aqui a uma questão que considero gravíssima na
Cidade. Circule, por favor, no bairro IAPI, construído na época pelo Instituto
Previdenciário, com aquelas casas modestas e que hoje abrigam muitos
trabalhadores. O Bairro de Elis Regina, Verª Margarete Moraes, o Bairro de onde
surgiram grandes nomes, além da Elis, na nossa música; muitas personalidades se
criaram no IAPI, com aquelas praças magníficas, pequenas, bem cuidadas de então;
hoje estão ao completo abandono. Como está abandonada a Praça Garibaldi, que eu
citei aqui, na insegurança total e absoluta. Como está abandonada a Praça da
Matriz, e é uma vergonha. Como está abandonada a Praça Morano Calabro, que
virou motel a céu aberto, às tardes. Como está abandonada, também, a Praça
Daltro Filho, ao lado do magnífico cinema Capitólio, que está sendo restaurado
com verbas da Petrobrás. Como está abandonada, também, a Praça Berta Starosta,
no bairro Rio Branco. Como está abandonado um conjunto de praças na nossa
Cidade.
Eu
gostaria aqui, de público, de cobrar do colega Ver. Beto Moesch, que esses dias
prestigiei, inclusive, na inauguração de uma praça na Vila Maria Goretti, só
senti a falta do Secretário Bosco, porque eram praças poliesportivas, uma praça
pública que foi inaugurada pelo Prefeito, pelo Vice-Prefeito e pelo Secretário
Beto Moesch. Eu senti falta do Secretário de Esportes João Bosco Vaz, e também
não havia nenhum representante da sua Secretaria. Mas parece que, na atividade
que houve no Parque Marinha, estava o Secretário Bosco, mas não estava o
Secretário Beto Moesch. A notícia que eu tive é de que não se convidem os dois
para uma mesma inauguração, muito menos convide os dois para tomar cafezinho
juntos. E, assim como a Verª Manuela se queixou aqui, eu quero-me queixar de
público, em nome da Bancada do PT, do comportamento do Secretário Beto Moesch,
que, publicamente, de forma arrogante, começou a me cobrar coisas que eu cobrei
quando fiscal da Prefeitura; ele fazia o mesmo como Vereador, e acho que estava
correto quando cobrava posturas nossas em relação à defesa dos animais. Só que
o discurso que ele fazia antes não vale agora para ele como Secretário. Lastimo
isso do nosso colega Beto Moesch. Obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O
Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, esse belíssimo discurso do Ver. Adeli Sell poderia
ter sido pronunciado há dois, três, cinco ou dez anos, só trocando o nome do
Secretário, pois as condições eram muito piores do que estão hoje. Saúde e PAZ!
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Queria
agradecer a todos os funcionários este primeiro momento de trabalho desta
Presidência, aos Vereadores e, principalmente, a tolerância da Diretoria
Legislativa, que muito me ajudou. Espero contribuir para esta Casa com um
trabalho solidário com os senhores. Muito obrigado.
Visivelmente
não há quórum. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Reunião às 12h09min.)
*
* * * *